Temendo eleição de Haddad, Lava Jato discutiu barrar entrevista de Lula
Uma série de reportagens publicadas hoje pelo site "The Intercept Brasil" revela mensagens trocadas por procuradores da Lava Jato no aplicativo Telegram. Nas conversas, eles discutiram maneiras de evitar que fosse realizada uma entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao jornal "Folha de S. Paulo", autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski, no ano passado.
A preocupação, segundo os diálogos revelados pelo site, era de que a entrevista pudesse ajudar a eleger o então candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) ou "permitir a volta do PT". A entrevista com a colunista Mônica Bergamo aconteceria a menos de duas semanas do primeiro turno das eleições. Haddad foi para o segundo turno e acabou derrotado por Jair Bolsonaro (PSL).
A movimentação no grupo dos procuradores começou assim que os integrantes souberam da decisão de Lewandowski. "Que piada!!! Revoltante!!! Lá vai o cara fazer palanque na cadeia. Um verdadeiro circo. E, depois de Mônica Bergamo, pela isonomia, devem vir tantos outros jornalistas? E a gente aqui fica só fazendo papel de palhaço com um Supremo desse? ", escreveu a procuradora Laura Tessler.
"Sei lá, mas uma coletiva antes do segundo turno pode eleger o Haddad", completou Laura.
Para tentar amenizar eventuais benefícios da entrevista ao PT, o procurador Januário Paludo sugeriu que ela fosse transformada em uma coletiva, com vários jornalistas. "Plano a: tentar recurso no próprio STF, possibilidade zero. Plano b: abrir para todos fazerem a entrevista no mesmo dia. Vai ser uma zona, mas diminui a chance da entrevista ser direcionada", escreveu.
Outros sugeriram que a Polícia Federal interviesse para que a entrevista acontecesse depois das eleições. A entrevista acabou sendo realizada apenas em abril deste ano.
Em sua contra no Twitter, Haddad disse que "podemos estar diante do maior escândalo institucional da história da República". "Muitos seriam presos, processos teriam que ser anulados e uma grande farsa seria revelada ao mundo. Vamos acompanhar com toda cautela, mas não podemos nos deter. Que se apure toda a verdade!", escreveu o petista.
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