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Estado Islâmico pode ter até 17 mil combatentes, dizem autoridades

Recrutados pela internet, estrangeiros se juntam a extremistas do Estado Islâmico - Reprodução/Twitter
Recrutados pela internet, estrangeiros se juntam a extremistas do Estado Islâmico Imagem: Reprodução/Twitter

Michael R. Gordon e Helene Cooper

Em Washington (EUA)

22/08/2014 06h01Atualizada em 22/08/2014 07h48

O adversário extremista sunita que os Estados Unidos estão enfrentando no Iraque, o Estado Islâmico (EI), é uma força com alta mobilidade que pode chegar a 17 mil combatentes. Eles se deslocam pela fronteira entre o Iraque e a Síria impunimente, acrescentaram autoridades civis e oficiais militares americanos.

O número combinado de combatentes do Estado Islâmico e afiliados cresceu para vários milhares -- talvez tenha quase dobrado desde junho. Um alto funcionário americano disse que o Pentágono atualmente estima o número de combatentes afiliados ao Estado Islâmico em cerca de 17 mil. Esse número inclui uma vanguarda inicial de cerca de 3.000, que avançaram da Síria para Mosul no início de junho, os reforços do Estado Islâmico da Síria desde então, assim como milhares de novos recrutas estrangeiros e milhares de sunitas iraquianos. Entre eles, estão baathistas, homens tribais, e criminosos comuns que, ao menos por ora, estão aliados ao Estado Islâmico.

Em resposta aos recentes avanços do grupo Estado Islâmico, o Pentágono anunciou na quinta-feira (21) que aviões de guerra americanos realizaram mais seis ataques contra alvos do Estado Islâmico nas proximidades da hidrelétrica de Mosul, destruindo três Humvees, outro veículo e vários artefatos explosivos improvisados colocados no local.

Os ataques elevaram a 90 o número de ataques aéreos realizados por caças, drones e bombardeiros, que os Estados Unidos lançaram contra os militantes sunitas desde que o presidente Barack Obama autorizou os ataques, como parte da batalha contra o Estado Islâmico. Ocorreram 20 ataques desde que os militantes decapitaram um jornalista americano e ameaçaram decapitar outros se os Estados Unidos não suspendessem os ataques aéreos.

Obama condenou duramente a morte e o secretário de Estado americano, John Kerry, declarou que o grupo "deve ser destruído".

11.ago.2014 - Cidades sob controle do Estado Islâmico no Iraque e na Síria - Arte UOL - Arte UOL
Cidades sob controle do Estado Islâmico ou sob ameaça de ataques na Síria e Iraque
Imagem: Arte UOL
Até o momento, entretanto, a estratégia militar de Obama visa conter o Estado Islâmico, não derrotá-lo, segundo funcionários do Departamento de Defesa e especialistas militares.

Temendo uma expansão da campanha militar americana no Iraque, o governo não quis se comprometer com um poder aéreo maior como parte de uma estratégia que poderia obrigar o Estado Islâmico a recuar.

A capacidade das forças iraquianas e curdas que enfrentam o Estado Islâmico permanece limitada, e problemas semelhantes são vistos na oposição síria moderada, que enfrenta o grupo militante do outro lado da fronteira.

Alguns especialistas americanos acreditam que será impossível desferir um golpe decisivo contra o grupo militante sem atacar suas operações na Síria. Funcionários americanos disseram que os Estados Unidos estão realizando reconhecimento na Síria, mas ataques com drones ou com aeronaves tripuladas contra posições do Estado Islâmico não foram ordenados. O presidente enviou no mês passado uma equipe das Operações Especiais, em um esforço vão de resgatar reféns mantidos pelo Estado Islâmico.

"Você pode atingir" o Estado Islâmico "de um lado de uma fronteira que, na prática, não mais existe, e ele corre para o outro, como já deve ter feito", disse Brian Katulis, um especialista em segurança nacional do Centro para o Progresso Americano, um centro de estudos em Washington com laços estreitos com a Casa Branca.

Estado Islâmico divulgou vídeo em que supostamente decapita jornalista americano - Reprodução - Reprodução
Vídeo da decapitação do jornalista é autêntico, afirmou a Casa Branca
Imagem: Reprodução


Outro passo que alguns especialistas dizem que será necessário para enfrentar os grupos militantes é um maior programa para treinamento e orientação da oposição moderada na Síria, assim como das forças curdas e do governo no Iraque, além de equipá-las.

Como provado durante a missão militar inicial americana para eliminar a Al Qaeda e o Taleban no Afeganistão, após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2011, os ataques aéreos americanos seriam mais eficazes se pequenas equipes das Forças das Operações Especiais fossem empregadas para identificar os alvos do Estado Islâmico e requisitar os ataques. Acredita-se que o uso dessas equipes seja uma opção que o Pentágono está considerando. Mas nenhuma equipe foi enviada.

Os Estados Unidos já fizeram uso de ataques no passado para proteger Irbil, a capital do governo regional do Curdistão, onde os Estados Unidos têm um consulado.

E já utilizaram poder aéreo para ajudar os combatentes peshmerga curdos e soldados do serviço de contraterrorismo do governo iraquiano a retomarem a hidrelétrica de Mosul.

Os ataques aéreos americanos também foram usados para tentar proteger milhares de civis iazidis desesperados, que foram transportados pelo ar do refúgio que buscaram no Monte Sinjar.

As autoridades americanas alertam que especialistas em inteligência ainda estão avaliando a força do Estado Islâmico e que determinar o número preciso de seus combatentes é difícil, em parte por não ser fácil identificar quem é membro de fato do grupo e quem é simpatizante lutando ao lado dele.