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Iraque considera que ataques dos EUA foram "bastante efetivos"

De Bagdá

09/08/2014 06h23

Os bombardeios da aviação americana sobre posições do EI (Estado Islâmico) no norte do Iraque foram "bastante efetivos", considerou neste sábado (8) o ministro das Relações Exteriores do Iraque, o curdo Hoshiyar Zebari.

Mapa do Iraque com as cidades sob poder ou ameaça de insurgentes do EIIL - Arte/UOL - Arte/UOL
Cidades iraquianas sob poder ou ameaça de insurgentes
Imagem: Arte/UOL
O avanço dos militantes sunitas, que também controlam um terço da Síria, disparou o alarme no Oriente Médio e ameaça desmembrar o Iraque, país já dividido entre xiitas, sunitas e curdos.

Em entrevista coletiva, Zebari destacou que, desde que começaram os ataques aéreos dos Estados Unidos nos arredores de Erbil - a capital do Curdistão - na sexta-feira (7), "a atmosfera mudou completamente" e os "peshmergas" (tropas curdas) passaram para a ofensiva.

Acrescentou que os bombardeios têm como objetivo reduzir as capacidades dos terroristas e alcançar conquistas estratégicas.

Duas rodadas de ataque

Os EUA iniciaram seus ataques "específicos" contra posições do EI com duas rodadas de bombardeios e deixaram aberta a possibilidade de novas investidas para proteger o país da "ameaça" jihadista.

Dois aviões Hornet F/A-18 lançaram bombas de 230 quilos contra duas peças da artilharia dos jihadistas do EI, que tinham disparado contra os defensores curdos de Erbil, cicidade que conta com a presença de funcionários e militares americanos.

O Pentágono acrescentou posteriormente que uma segunda rodada de ataques aéreos aconteceu, na qual drones e quatro aviões F/A-18 foram utilizados para atacar "posições terroristas de lançamento de morteiros" e um comboio de sete veículos, também nos arredores de Erbil.

O ministro das Relações Exteriores reconheceu que até agora o governo de Bagdá não tinha conseguido colaborar militarmente com os "peshmergas", mas que, a partir de agora, "está claro que ambos os grupos enfrentam um inimigo comum".

Além disso, Zebari agradeceu a solicitação do Conselho de Seguança da ONU para uma ação internacional urgente e pediu que não se subestime o Estado Islâmico, um grupo considerado mais perigoso que muitas organizações terroristas.

Primeira operação militar desde 2011 no Iraque

É a primeira vez que os EUA realizam um ataque contra o Iraque desde que radicais islâmicos iniciaram uma ofensiva relâmpago, em junho, declarando um califado (Estado que segue as leis islâmicas) em áreas tomadas no Iraque e também na Síria.

Na quinta-feira (7), os insurgentes ligados ao EI tomaram o controle de Qaraqosh, a maior cidade cristã do Iraque, provocando uma fuga em massa. O avanço dos militantes também forçou centenas de milhares de Yazidis a abandonarem suas casas e fugir em direção às montanhas, onde ficaram encurralados sem água nem comida.

O grupo ainda assumiu nesta sexta-feira o controle da maior represa iraquiana, confirmaram autoridades curdas, o que pode permitir aos jihadistas inundarem cidades e interromper parte do suprimento de água e energia.

Os Estados Unidos enviaram aviões militares que lançaram alimentos e água, a pedido do governo do Iraque, para desabrigados Yazidis.

O Reino Unido e a França também prometeram ajuda humanitária. Só os britânicos devem enviar 8 milhões de libras (cerca de R$ 30 milhões) em mantimentos ao país.

As Nações Unidas informaram que estão trabalhando na abertura de um corredor humanitário no norte do Iraque para permitir a fuga de iraquianos vítimas de perseguição. Segundo a entidade, cerca de 200 mil pessoas fugiram de suas casas devido ao avanço dos islâmicos.(Com agências internacionais)