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Idoso morre após ser baleado na cabeça durante tiroteio em favela que teve 3 ações militares no Rio

23.fev.2018 - Militares patrulham Vila Kennedy, onde dois moradores foram baleados no domingo (4) - Carl de Souza/AFP Photo
23.fev.2018 - Militares patrulham Vila Kennedy, onde dois moradores foram baleados no domingo (4) Imagem: Carl de Souza/AFP Photo

Marina Lang

Colaboração para o UOL, no Rio

05/03/2018 17h49

Um idoso de 66 anos morreu após ter sido baleado na cabeça durante um tiroteio entre policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Vila Kennedy, na zona oeste do Rio de Janeiro, e traficantes no domingo (4).

A morte ocorre após três operações das Forças Armadas com a Polícia Civil que retiraram cerca de cem barricadas feitas por criminosos para bloquear o tráfego de carros nas ruas do bairro. Criminosos voltaram, contudo, a levantar as barricadas depois das operações militares.

Uma mulher de 40 anos também foi atingida por um tiro na coxa esquerda. As vítimas foram levadas para o Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo.

Valdir Vieira da Silva, morador da comunidade, não resistiu aos ferimentos e morreu na noite de ontem. Já a mulher foi atendida e recebeu alta. As informações foram confirmadas pela Secretaria Municipal de Saúde.

De acordo com o comando da UPP Vila Kennedy, policiais da unidade foram atacados a tiros por criminosos da localidade Bairro 13, no final da tarde de ontem.

O ataque aconteceu após os policiais terem abordado uma motocicleta com dois homens em atitude suspeita na rua Etiópia. Houve confronto e os bandidos fugiram. O caso foi registrado na 34ª DP (Bangu).

Em nota, a assessoria da UPP confirmou que, pouco depois, a UPP foi informada de que duas pessoas baleadas deram entrada no Albert Schweitzer.

Hoje, uma operação do Batalhão de Choque está em andamento na Vila Kennedy. Segundo a assessoria da PM, o objetivo da ação é “reprimir atos criminosos”.

Segundo o comando do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq), durante a ação nesta segunda-feira na Vila Kennedy, três pessoas foram conduzidas à delegacia --uma por ter mandado de prisão expedido e duas por posse de entorpecentes. As ocorrências foram registradas na 34ª DP. Não houve feridos ou mortos durante a ação.

Procurada, a Seseg (Secretaria do Estado da Segurança) declarou que cabe à Polícia Militar se pronunciar sobre o confronto de ontem entre traficantes e policiais, no qual o idoso foi baleado na cabeça.

Militares destroem barricadas na Vila Kennedy

UOL Notícias

Operações das Forças Armadas

A morte do idoso ocorreu após três operações das Forças Armadas na região. A última ação se deu no sábado (3), quando as Forças Armadas removeram 16 tipos de barreiras e obstáculos feitos por criminosos, cujo objetivo era impedir o trânsito no interior da comunidade.

No entanto, imagens aéreas veiculadas pela "TV Globo" e pela "Rede Record" na manhã desta segunda mostram que há vias bloqueadas novamente. A avenida Marrocos, uma das principais vias do bairro, já apresenta bloqueio. Não se sabe exatamente quando os criminosos ergueram as novas barricadas.

Procurado sobre o retorno das barricadas, o porta-voz do GIF (Gabinete da Intervenção Federal), coronel Carlos Cinelli, informou que "os dados já estão sendo analisados pela inteligência do Comando Conjunto e da Secretaria de Segurança, e serão submetidos ao Gabinete de Intervenção Federal".

Antes da operação do último fim de semana, outras duas ações já tinham sido realizadas na comunidade.

A primeira ocorreu no dia 23 de fevereiro, quando os moradores da comunidade tiveram seus documentos de identidade fotografados e cadastrados pelas forças de segurança. Os agentes fizeram a verificação de antecedentes criminais e tiraram fotos dos moradores.

No dia 26, as Forças Armadas voltaram ao local em nova operação, desta vez, para destruir barricadas feitas por traficantes.

Intervenção

Desde 2016, o Rio sofre com uma profunda crise econômica e política que castiga todas as áreas do Estado, inclusive a da segurança.

O governo fluminense conta com o auxílio das Forças Armadas, por meio de GLO (Garantia de Lei e Ordem), desde julho do ano passado, na tentativa de contornar a criminalidade.

Em 16 de fevereiro, o presidente Michel Temer (MDB) decretou a intervenção federal na área da segurança do Rio, que ficou sob comando do general do Exército Walter Souza Braga Netto.