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Interventor do Rio quer dinheiro recuperado pela Lava Jato para segurança

O juiz Marcelo Bretas, responsável pela 1ª instância da Lava Jato na Justiça Federal do Rio - Leonardo Wen/Folhapress
O juiz Marcelo Bretas, responsável pela 1ª instância da Lava Jato na Justiça Federal do Rio Imagem: Leonardo Wen/Folhapress

Marina Lang

Colaboração para o UOL, no Rio

08/03/2018 11h20

A equipe responsável pela intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro quer a colaboração da Operação Lava Jato no Estado, que investiga esquema milionário de desvio de recursos supostamente chefiado pelo ex-governador Sérgio Cabral (MDB).

Por ora, os recursos que o interventor, general Walter Souza Braga Netto, têm em mãos é o orçamento para a segurança do Estado do Rio que, no ano passado, teve 89% destinado à rubrica "pessoal e encargos sociais" (vencimentos de servidores ativos, inativos e pensionistas), enquanto 9% foram para o custeio e menos de 1% para investimentos. Ainda não há anúncio oficial sobre injeção de verbas federais na intervenção.

Policiais trabalham com armamento obsoleto e faltam equipamentos, como coletes e munição. A falta de estrutura atinge em cheio a tropa policial e torna os agentes vítimas da criminalidade. A meta dos interventores é recompor o efetivo e recuperar a infraestrutura, como viaturas e armamento.

Para discutir a possível ajuda, Braga Netto se reúne nesta quinta-feira (8) a portas fechadas com o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, responsável pela Lava Jato na primeira instância. Eles devem discutir de que forma a Lava Jato pode auxiliar na intervenção da segurança no Rio.

Segundo o GIF (Gabinete de Intervenção Federal), a ideia de Braga Netto é ouvir do juiz quais as possibilidades de auxílio da Lava Jato na intervenção em termos de recursos.

A Justiça Federal do Rio teria cerca de R$ 100 milhões acautelados, provenientes do que foi recuperado do esquema de corrupção de Cabral, cuja soma das penas ultrapassa cem anos de prisão.São previstos, também, leilões de bens apreendidos (caso do ex-governador e de sua mulher, Adriana Ancelmo).

Caso Braga Netto tenha sucesso em obter recursos, não será a primeira vez que o Estado do Rio recebe recursos da Lava Jato. Em março do ano passado, Bretas autorizou que R$ 250 milhões recuperados na investigação fossem destinados ao pagamento do 13º salário de 2016 a cerca de 146 mil aposentados e pensionistas cujos vencimentos eram de até R$ 3.200.

No mês passado, foram anunciados outros R$ 15 milhões recuperados pela operação para reformas em dez escolas públicas do Estado.

*Colaborou Luis Kawaguti, do UOL no Rio