Secretário liga assassinato de Marielle à sua atuação política
O general Richard Nunes, secretário da Segurança Pública do Rio de Janeiro, afirmou que a investigação sobre a motivação da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), no último dia 14, avança em direção à atuação política da vereadora. Ele afirmou que conexões pessoais ou relações com assessores são possibilidades menos prováveis para explicar o crime.
“Não há dúvidas de que a atuação política dela, não só no momento --mas até a projeção de futuro do que ela poderia representar-- indica que a gente tem que ter um olhar mais acurado nesta direção. Isso é inegável”, afirmou Nunes em entrevista exibida nesta quinta-feira (29) ao canal de TV a cabo Globo News.
O general também disse que a polícia tem “dados concretos de escutas telefônicas”, mas não forneceu mais detalhes sobre a linha de investigação seguida pela Polícia Civil.
A vereadora rotineiramente usava redes sociais e fazia discursos na Câmara de Vereadores denunciando a violência de maus policiais e milícias. Antes de ser assassinada, ela havia denunciado em uma rede social supostos abusos de policiais militares que atuam na região do bairro de Acari, na zona norte carioca.
O secretário disse que acompanha o caso diariamente e afirmou que a Polícia Civil trabalha com algumas linhas de investigação definidas. Ele afirmou que, no momento, o órgão está “fechando a dinâmica” do crime, ou seja, tirando conclusões sobre como o homicídio aconteceu. Segundo Nunes, hoje, mais cinco pessoas foram ouvidas. Mais de 30, no total, já prestaram depoimento.
Veja também:
Marielle e seu motorista Anderson foram assassinados a tiros dentro de um carro logo após deixarem uma reunião política da vereadora no centro do Rio. Uma assessora sobreviveu ao ataque.
O general disse na entrevista que a polícia sabe que mais de um assassino atuou no crime. Ele comparou o homicídio com o assassinato da juíza Patrícia Acioli em 2011. Afirmou que as investigações do caso Marielle estão avançando mais rápido em comparação ao caso da juíza.
Unidades de Polícia Pacificadora
Nunes afirmou à Globo News que metade das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) do Rio terão suas ações redefinidas.
Atualmente, o Rio tem 38 UPPs. O general disse que as unidades que funcionam bem serão mantidas, mas as que têm problemas serão dissolvidas ou terão suas atividades modificadas.
Como exemplos, ele citou apenas que a UPP da favela Santa Marta, na zona sul, será mantida e não terá seu funcionamento modificado e confirmou que a da Vila Kennedy, na zona oeste, será dissolvida e seus policiais reforçarão o efetivo do 14º Batalhão da PM.
Nunes afirmou que o caso da UPP da Rocinha --favela onde oito pessoas morreram em um confronto no último sábado (24)-- ainda está indefinido. A UPP da favela tem hoje 650 policiais.
Uma pesquisa da Universidade de Stanford, da Califórnia (EUA), divulgada em evento das ONGs Observatório das Favelas e Redes da Maré nesta quarta-feira (28), indica que 46% dos moradores de comunidades do Rio de Janeiro desejam a continuidade das UPPs. Apesar de desejarem a continuidade das UPPs, eles defendem mudanças na conduta dos policiais.
Patrulhamento de rua
Tropas das Forças Armadas começaram nesta semana a reforçar o patrulhamento nas zonas sul, norte e central do Rio de Janeiro. Sobre isso, o secretário afirmou que o reforço será usado para liberar policiais militares do patrulhamento de rua para que possam receber treinamento.
O treinamento começaria na próxima segunda-feira (2).
Porém, quando a operação foi anunciada no começo desta semana, a intervenção federal deu uma explicação diferente. O Gabinete de Intervenção Federal afirmou que se tratava de uma ação emergencial para aumentar a sensação de segurança nas ruas.
Desde a última terça-feira (27), seis equipes formadas por cerca de oito agentes cada realizaram patrulhamento na capital fluminense.
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