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Venezuelanos ficam nus em redes sociais em apoio a jovem agredido

Do UOL, em São Paulo

10/04/2014 13h02

A divulgação de fotos e vídeos de um estudante universitário sendo despido e agredido na Venezuela levou indignados com tamanha brutalidade a tirarem a roupa em uma campanha feita em redes sociais, em solidariedade à vítima.

Usando as hashtags #MejorDesnudosQue (‘melhor nus que’) e #DesnudosConLaUCV (‘nus com a UCV’), venezuelanos estão postando fotos em que aparecem pelados, com o lema do protesto na legenda. “Melhor nus que humilhados e em silêncio perante a violência na nossa Venezuela”, diz um post. “Melhor nus que sem esperança”, afirma outro. “Melhor nus que mortos, sem educação, sem comida, sem cultura, sem sonhos”, protesta uma internauta.

Estudante nu em protesto na Venezuela - Fernando Llano/AP - Fernando Llano/AP
Estudante nu é forçado a se sentar no chão por grupo que apoia o governo de Nicolás Maduro, em Caracas
Imagem: Fernando Llano/AP

O jovem agredido ainda não foi identificado. Ele apanhou de mascarados (supostamente defensores do governo de Nicolás Maduro), na última quinta-feira (3), dentro da Universidade Central da Venezuela (UCV), durante manifestações no campus, com embates entre estudantes afiliados à oposição e grupos de simpatizantes do governo, chamados de “coletivos”.

Estava marcada para esse dia uma passeata saindo da universidade até a sede da Petróleos de Venezuela, onde os estudantes entregariam um documento exigindo soluções para o desabastecimento e a inflação no país. Segundo testemunhas, os jovens não puderam sair do campus, foram barrados pela Guarda e a Polícia Nacional, com quem houve confusão.

“Isso nunca tinha sido visto na universidade. Quando uma pessoa é despida e humilhada, como se chama isso? Isso é fascismo”, disse a reitora Cecilia García Arocha.

De acordo com a BBC, essa não é a primeira vez que acontece um episódio como este. Algumas semanas atrás, ação semelhante teria ocorrido na faculdade de Arquitetura.

Desde fevereiro, venezuelanos têm ido às ruas em massa em protesto contra a inflação crescente no país e os altos índices de violência. As manifestações, muitas envolvendo confrontos com as forças de segurança, já tiveram ao menos 39 mortes. 

O presidente Maduro e políticos da oposição aceitaram, na terça-feira (8), negociar uma tentativa de neutralizar a crise. (Com "Huffington Post" e BBC)