Grupo cria califado no Iraque e na Síria; você sabe o que isto significa?
O grupo rebelde EIIL (Estado Islâmico do Iraque e do Levante) declarou no domingo (29) a criação de um califado na região sob seu controle no Iraque e na Síria. Com o anúncio, os rebeldes sunitas se apresentam como herdeiros de um regime que existiu da época do profeta Maomé até um século atrás.
O que é um califado?
É uma forma de governo centrada na figura do califa, que seria um sucessor da autoridade política do profeta Maomé, com atribuições de chefe de Estado e líder político do mundo islâmico. O Estado, que seguiria rigorosamente a lei do Islã, compreenderia a região entre o mar Mediterrâneo e o rio Tigre.
Qual é a origem dessa forma de governo?
Depois da morte do profeta Maomé, em 632, seus seguidores concordaram com a criação do califado, que significa sucessão em árabe, como um novo sistema de governo.
O califa é o sucessor do profeta como chefe da nação e líder dos muçulmanos. Ele tem o poder de aplicar a lei islâmica (sharia) na terra do Islã.
A expansão do território do Islã é parte do papel do califado. Em seu apogeu, o Império Otomano abarcava o Oriente Médio e o norte da África, o Cáucaso e partes do leste da Europa.
Por quanto tempo o califado esteve vigente?
Para os muçulmanos mais fervorosos, o califado durou até sua abolição na Turquia, como consequência do desaparecimento do Império Otomano depois da Primeira Guerra Mundial.
No entanto, acredita-se que o califado tenha durado apenas três décadas, durante o governo dos primeiros quatro sucessores de Maomé, conhecidos como os Quatro Califas Bem Guiados ou os Quatro Califas Ortodoxos.
Posteriormente, várias dinastias lutaram pelo poder e governaram os territórios do império. Apesar de os dirigentes destas dinastias adotarem o título de califa, os processos de sucessão foram essencialmente hereditários.
Em março de 1924, o então presidente turco, Mustafa Kemal Atatürk, aboliu constitucionalmente a instituição do califado.
Existem outros movimentos para reviver o califado?
O fundador da Irmandade Muçulmana, Hassan al Bana, considerava o califado um símbolo da unidade islâmica e seu restabelecimento era o objetivo da organização, apesar de afirmar que o califado deveria ser precedido por um acordo de cooperação entre os Estados muçulmanos.
O Hizb ut Tahrir (Partido da Libertação) é um grupo pan-islâmico criado em 1953, que defende a unificação dos países muçulmanos sob um califado.
O califado será reconhecido pelo mundo islâmico?
Essa é uma iniciativa tomada por uma linha extremamente dura do grupo sunita, e não será reconhecida pelo Irã, ou pelos muçulmanos xiitas, assim como pela Arábia Saudita, que se vê como zeladora dos lugares mais sagrados do Islamismo.
Estados e comunidades muçulmanas moderadas também rejeitam esse movimento, e todos os governos da região veem o auto-declarado "Estado Islâmico" como uma ameaça.
A proclamação do califado representa um risco para a região?
O maior perigo que o califado apresenta é aos países vizinhos da Síria e do Iraque, como Líbano, Jordânia, e Arábia Saudita. O risco para países muçulmanos sunitas é mais interno que externo, caso grupos locais decidam se juntar aos rebeldes e começar a confrontar autoridades.
O Irã não está sob risco direto por ser uma grande potência militar xiita na região e capaz de deter qualquer ameaça territorial, mas verá a ascensão de um grupo sunita fundamentalista como o EIIL como uma ameaça ao seu poder regional e esfera de influência. (Com agências internacionais)
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