O Brasil ultrapassa as 300 mil mortes por covid-19 em meio a uma sequência de recordes negativos da pandemia e a uma situação de colapso nos sistemas de saúde de todas as regiões.
Sem uma coordenação clara nas ações de combate ao coronavírus, o país nunca se aproximou de zerar os óbitos pela doença, como aconteceu em alguns países da Europa, que foi epicentro da pandemia. Hoje, vê hospitais públicos e privados lotados, com filas para vagas em UTIs e sem insumos para atendimento a pacientes com covid.
Mesmo assim, governos federal e estaduais se recusam a adotar regras rígidas recomendadas por médicos e cientistas para controle de circulação das pessoas, e muita gente continua saindo de casa. O argumento é que a economia não pode parar. Para tentar reduzir o impacto, no ano passado, foram tomadas medidas como o pagamento do auxílio emergencial, ajuda financeira a empresas para manter empregos, antecipação do 13º a aposentados e do abono salarial. Não foi suficiente.
O lockdown rígido é apontado por especialistas como a iniciativa mais rápida e eficaz para conter o contágio, aliviar o sistema de saúde e reduzir o impacto econômico. Eles não atribuem ao lockdown a possibilidade de fim da pandemia, mas, principalmente, a prevenção ao colapso do sistema de saúde, que acaba vitimando até pacientes de outras doenças.
Nessa visão, a restrição total precisa ser acompanhada de ajuda financeira do governo à população e às empresas, e precisa ser feita de modo coordenado e integrado, com liderança e organização do poder público.
Países como Alemanha e Nova Zelândia —que têm a economia mais estável que o Brasil— proibiram as pessoas de sair de casa, garantiram auxílio financeiro à população e alcançaram bons resultados. O Vietnã, que tem Índice de Desenvolvimento Humano consideravelmente menor que o brasileiro, teve quarentena em locais de maior contágio e investiu no monitoramento de contaminados —conseguiu zerar os casos.
Sem lockdown, vacinação e testagem em massa, a disseminação do vírus não encontra obstáculo no Brasil. Antes de terminar, março atingiu a marca do mês com mais óbitos na pandemia. Na última semana, o país foi responsável por uma em cada quatro mortes por covid no mundo. Só ontem foram mais de 3.000.