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Quatro perguntas sobre a crise migratória

Laszlo Balogh/Reuters
Imagem: Laszlo Balogh/Reuters

01/10/2015 18h00

A crise da imigração acendeu um grande debate na Europa enquanto países ainda tentam descobrir a melhor maneira de lidar com o número gigantesco de refugiados que desembarcam no continente todos os dias.

Segundo estimativas, cerca de 500 mil imigrantes chegaram à Europa somente neste ano --e esse número pode ser bem maior.

A questão tem provocado comoção ao redor do mundo e levantado uma série de questões. A BBC Brasil tenta responder as principais delas aqui:

1- Por que tantos imigrantes escolhem ir para a Europa?

Há uma razão óbvia: os imigrantes estão fugindo de guerras e perseguições nos seus países de origem. Mas não é uma coincidência o fato de todos eles estarem escolhendo a Europa como destino.

Eles acreditam que, desembarcando em terras europeias, terão oportunidades e escolhas sobre onde vão ficar.

O principal motivo para isso tem origem em uma história de 30 anos atrás. Em 1985, muitos países europeus assinaram o Tratado de Schengen (cidade em Luxemburgo onde ele foi assinado). Ali, representantes europeus concordaram em tornar mais fácil e livre a circulação de pessoas entre as fronteiras dos países da região.

Imigrantes que chegam à Europa sabem que eles podem começar a jornada na costa da Itália ou da Grécia e seguir viajando para ouros países sem enfrentarem tantas restrições de fronteiras.

Na União Europeia, somente o Reino Unido, a Irlanda, a Bulgária, a Croácia, o Chipre e a Romênia não assinaram o tratado.

2- Por que imigrantes têm tido que ficar nos países onde eles chegam?

Teoricamente, é ali que eles têm de ficar, segundo um acordo da União Europeia conhecido como "Regulamento de Dublin", que diz que os refugiados devem pedir asilo no primeiro país onde eles chegam.

No entanto, alguns países como Grécia, Itália e Croácia, que por sua localização litorânea são porta de entrada para migrantes, têm permitido que estes deixem seus territórios e atravessem suas fronteiras.

Muitos imigrantes também evitam fazer registros oficiais nos países onde eles não querem ficar --e fazem de tudo para cruzar as fronteiras antes que isso aconteça.

O destino mais procurado por eles é a Alemanha, que espera receber 800 mil imigrantes só neste ano.

3 - Por que mais e mais imigrantes escolhem não ir para países vizinhos da região do Golfo Pérsico?

Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes Unidos --todos eles são países ricos e que ficam geograficamente bem mais próximos à Síria do que o continente europeu.

Mas obter permissão para entrar em um desses países da região do Golfo acaba custando muito caro, e existem relatos de que autoridades estejam dificultando ainda mais o processo para fugitivos sírios conseguirem a documentação correta.

E não são apenas os europeus que estão se perguntando por que os países vizinhos não acolhem esses refugiados. Muitos habitantes da região do Golfo têm expressado raiva e insatisfação pelo fato de nada estar sendo feito pelos imigrantes sírios.

A hashtag árabe "receber refugiados sírios é um dever do Golfo" foi usada mais de 30 mil vezes nas redes sociais no início de setembro.

4- Por que a maioria dos imigrantes são homens jovens?

Os últimos dados da ONU indicam que mais de dois terços dos imigrantes são homens.

Quando a reportagem da BBC esteve à bordo de um navio de resgate para refugiados, era muito perceptível que a maioria dos imigrantes era formada por homens jovens ou de meia idade.

Eles disseram que um dos motivos para isso é que eles não querem que outros membros da família se arrisquem em uma jornada tão perigosa.

Por isso, eles preferem checar a rota antes --e boa parte deles admitiu que não teria coragem de colocar suas famílias nessa travessia.

Outros disseram que pretendiam trabalhar na Europa para mandar dinheiro para casa.

Desde 2011, 4 milhões de sírios já fugiram para países vizinhos

AFP