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Guerra em Gaza é retomada e Hamas diz que Israel tentou matar chefe militar

Em Gaza e Jerusalém

20/08/2014 09h01Atualizada em 20/08/2014 10h21

Ataques aéreos de Israel mataram 11 pessoas em Gaza, incluindo a esposa e o bebê de um líder militar do Hamas, Mohammed Deif, em um episódio que, segundo o grupo, foi uma tentativa de assassiná-lo após o colapso de um cessar-fogo. 

O Hamas, que acusou Israel de abrir um "portão para o inferno", disparou foguetes contra Tel Aviv e Jerusalém. Os ataques não causaram vítimas, mas demonstraram que os militantes islâmicos ainda podem levar a guerra de Gaza ao coração de Israel apesar dos pesados bombardeios israelenses nas cinco semanas de conflito. 

Militares de Israel disseram ter realizado 60 ataques aéreos na Faixa de Gaza desde que as hostilidades foram retomadas na terça-feira, e que os palestinos lançaram mais de 80 salvas de foguetes, algumas interceptadas pelo sistema antimísseis israelense. 

A violência encerrou um período de calma que já durava 10 dias, a paz mais longa no conflito desde que Israel lançou sua ofensiva contra Gaza em 8 de julho, com o objetivo declarado de encerrar os disparos de foguetes do Hamas contra seu território. 

Mapa Israel, Cisjordânia e Gaza - Arte/UOL - Arte/UOL
Mapa mostra localização de Israel, Cisjordânia e Gaza
Imagem: Arte/UOL

O Ministério da Saúde palestino diz que 2.029 pessoas, a maioria civis, foram mortas na faixa de Gaza. Israel diz ter matado centenas de militantes palestinos no confronto, o qual, segundo a Organização das Nações Unidas, deslocou cerca de 425 mil pessoas na região, que abriga 1,8 milhão de palestinos.

Sessenta e quatro soldados israelenses morreram, e três civis em Israel perderam a vida na mais destrutiva guerra entre o Hamas e Israel desde que Israel saiu unilateralmente de Gaza em 2005, antes de o Hamas ter tomado o controle do território, em 2007. 

O Hamas disse que o bombardeio israelense contra uma casa na Cidade de Gaza na noite de terça-feira foi uma tentativa de assassinar Deif, o qual, acredita-se, é o mentor da campanha militar do grupo islâmico por túneis subterrâneos.

"Estou convencido de que se houvesse informação de que Mohammed Deif não estava dentro daquela casa, então não a teríamos bombardeado", disse à rádio do Exército Yaakov Perry, ministro da Ciência de Israel e ex-chefe de segurança. Um oficial do Hamas disse que Deif não utiliza a casa. 

Três corpos foram retirados dos entulhos. Representantes médicos os identificaram como a esposa de Deif, seu filho de sete meses e um jovem de 20 anos. 

Israel acusou o Hamas de violar a trégua com tiros de foguete oito horas antes do fim do cessar-fogo e chamou de volta seus negociadores das conversas de paz no Cairo, na terça-feira, deixando à deriva o destino dos esforços de mediação egípcios. 

Negociadores palestinos deixaram as conversas mais tarde, culpando Israel pelo fracasso. 

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou a quebra do cessar-fogo, dizendo em um comunicado estar ?gravemente decepcionado pelo retorno das hostilidades? e pedindo para que ambos os lados não permitam uma escalada da situação. 

Israel defende ação

A ministra de Justiça de Israel, Tzipi Livni, criticou nesta quarta-feira (20) as negociações com o movimento islamita Hamas e defendeu a tentativa de assassinato ontem à noite de Deif.

"Não se deve negociar com o Hamas. Não acho que se possa conseguir um acordo e não se chegaria a um acordo com eles senão com responsáveis internacionais", afirmou Livni, que no passado liderou as fracassadas conversas de paz com a Autoridade Nacional Palestina (ANP).

A ministra, considerada da ala de centro-direita do atual Executivo israelense, também defendeu a operação militar contra Deif, líder das Brigadas Azedim qassam, no qual além de sua mulher e sua filha mais uma pessoa morreu e 45 ficaram feridas, algumas em estado grave.