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Vazamentos da Lava Jato

Moro diz jamais ter ocultado fatos do STF e nega elo com delação de Cunha

Gabriela Biló - 2.jul.2019 /Estadão Conteúdo
Imagem: Gabriela Biló - 2.jul.2019 /Estadão Conteúdo

Nathan Lopes e Stella Borges

Do UOL, em São Paulo

05/07/2019 11h08Atualizada em 10/09/2019 15h50

O ministro da Justiça, Sergio Moro, negou que tenha omitido informações ao STF (Supremo Tribunal Federal), conforme alega a revista Veja após obter diálogos, em parceria com o site The Intercept Brasil, do ex-juiz federal com procuradores da Operação Lava Jato. De acordo com a publicação, Moro ocultou informações solicitadas pelo ministro Teori Zavascki na investigação sobre Flávio David Barra, que presidia a AG Energia, do grupo Andrade Gutierrez.

O ministro também rebate que tenha participação no processo do acordo de colaboração do ex-deputado federal Eduardo Cunha (MDB-RJ). Moro, que comandava os processos da Lava Jato até o ano passado, voltou a colocar em xeque a veracidade das mensagens divulgadas pela imprensa.

Negativa e planilha

Segundo a Veja, Moro ocultou uma prova importante de Zavascki, que relatou a Lava Jato no STF até janeiro de 2017, quando morreu em acidente aéreo. Em um processo, o então juiz disse ao ministro que não sabia sobre envolvimento de parlamentares em um processo ligado a Barra, que havia pedido, em agosto de 2015, que o caso fosse levado ao Supremo. Dois meses depois da solicitação, um membro do MPF (Ministério Público Federal) pediu à PF (Polícia Federal) uma planilha que indicava pagamentos a políticos.

De acordo com a revista, quando negou o pedido feito pelo ministro do Supremo, Moro já tinha conhecimento da planilha e dos dados ligados à investigação. A revista afirma que a intenção do então juiz seria manter o caso sob sua jurisdição, na 13ª Vara Federal.

Em nota, Moro diz que "jamais mentiu ou ocultou fatos do STF neste episódio ou em qualquer outro". O então juiz falou que não havia indícios de participação de políticos em setembro de 2015, um mês antes de o MPF fazer o pedido sobre a planilha com parlamentares.

Para o ministro, "a inconsistência das supostas mensagens com os fatos documentados indica a possibilidade de adulteração do conteúdo total ou parcial delas".

Cunha e o acordo

A revista também aponta que, em julho de 2017, Moro questionou o coordenador da Lava Jato no MPF, procurador Deltan Dallagnol, sobre rumores de um acordo com Cunha. "Espero que não procedam", disse o atual ministro. Dallagnol responde: "Só rumores. Não procedem. Cá entre nós, a primeira reunião com o advogado para receber anexos (nem sabemos o que virá) acontecerá na próxima terça. Estaremos presentes e acompanharemos tudo. Sempre que quiser, vou te colocando a par". Moro responde: "agradeço se me manter informado. Sou contra, como sabe".

Sobre esse ponto, o ex-juiz indica que não tentou obstruir o acordo de colaboração de Cunha com o MPF. "Ocorre que eventual colaboração de Eduardo Cunha, por envolver supostos pagamentos a autoridades de foro privilegiado, jamais tramitou na 13ª Vara de Curitiba ou esteve sob a responsabilidade do ministro, então juiz", diz a nota de Moro.

O ministro da Justiça também volta a duvidar da veracidade das mensagens divulgadas. "Não há qualquer elemento que ateste a autenticidade das supostas mensagens", comentou. Moro diz ainda repudiar "a divulgação distorcida e sensacionalista de supostas mensagens obtidas por meios criminosos e que podem ter sido adulteradas total ou parcialmente".

Nesta semana, Moro foi ouvido pela segunda vez em uma audiência no Congresso. Na última terça-feira (2), ele foi sabatinado por deputados federais na Câmara. Na ocasião, ele não descartou ter participado de alguns dos diálogos divulgados, apesar de questionar a veracidade das mensagens.

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