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Sunitas que avançam no Iraque são mais radicais que todos outros jihadistas

14/06/2014 06h00

Onze anos depois da invasão do Iraque pelos Estados Unidos e seus aliados, o país se encontra de novo em plena tormenta. Depois de tomar Mossul, Tikrit, antigo baluarte de Saddam Hussein, e várias regiões do norte e do leste do país, os jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) se reforçam e se preparam para cercar Bagdá.

Em Mossul, rica região petrolífera, o EIIL recolheu um importante tesouro de guerra, confiscando US$ 429 milhões dos bancos públicos locais.

Ameaçado, o governo xiita do primeiro-ministro Nuri al-Maliki, que já conta com o apoio dos militares iranianos, majoritariamente xiitas, espera também o suporte das forças aéreas americanas.

No poder desde 2006, Nuri al-Maliki é odiado pelos sunitas e também por uma parte de seus próprio correligionários xiitas que o consideram autoritário.

Embora tenha o apoio de Washington, Nuri al-Maliki é considerado pela imprensa americana como principal responsável pelo desastre que está ocorrendo no Iraque.

Tomado pelos acontecimentos da Ucrânia e por outras crises internacionais, a mídia ocidental surpreendeu ao anunciar o cerco iminente de Bagdá por tropas jihadistas do grupo radical sunita.

Como o aiatolá Khomeini, líder da revolução islâmica iraniana, era xiita, esta corrente religiosa virou o símbolo do radicalismo muçulmano contemporâneo.

No Brasil o nome virou até sinônimo de sectarismo político. Contudo, os sunitas do EIIL se tornaram mais radicais que todos os outros grupos jihadistas, tendo entrado até em conflito com as forças de Al-Qaeda na guerra civil da Síria.

Fundado em 2003, logo após a invasão americana, o EIIL começou a combater as tropas ocidentais e as milícias xiitas de Bagdá. Contando com o apoio de milionários do golfo Pérsico, sobretudo do Kuait, o EIIL tem também o suporte de chefes tribais do norte do Iraque. O governo iraquiano acusa ainda o Catar e a Arábia de Saudita de apoiarem os rebeldes. 

Mais internacionalista que os outros movimentos radicais islâmicos, o EIIL conta com militantes de diversas nacionalidades, inclusive europeus. Segundo um especialista, o movimento conta atualmente com 10 mil ou 15 mil combatentes no norte do Iraque e na Síria.

Para além dos enfrentamentos militares mais imediatos, a ofensiva do EIIL no Iraque desestabiliza todo o Oriente Médio. Na fronteiro turco-iraquiana, o governo de Ancara teme que os autonomistas curdos, aproveitando o desabamento do governo de Bagdá, formem um governo independente implantado também na Turquia.

Depois de evacuar suas tropas terrestres em 2011, o presidente Obama, considera agora a hipótese de um bombardeio aéreo, provavelmente utilizando drones, contra as tropas do EIIL. Num editorial, o New York Times adverte: “os Estados Unidos simplesmente não podem ser sorvidos num novo estágio da guerra no Iraque”.