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No Rio, Forças Armadas iniciam patrulhamento diário em favela

7.mar.2018 - Homem leva criança a escola em meio a operação das Forças Armadas - Jose Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
7.mar.2018 - Homem leva criança a escola em meio a operação das Forças Armadas Imagem: Jose Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo

Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

10/03/2018 07h02

A equipe do interventor federal Walter Braga Netto anunciou que a partir da manhã deste sábado (10) cerca de 300 militares das Forças Armadas passarão a patrulhar diariamente a favela Vila Kennedy, na zona oeste do Rio de Janeiro.

A região foi alvo de seis grandes operações militares em 15 dias e é considerada experiência-piloto para as ações das forças de segurança durante o período de intervenção. Porém, foi alvo de polêmicas nos últimos dias.

Na sexta-feira (9), equipes da Prefeitura do Rio aproveitaram a presença de militares, blindados e helicópteros para retirar comerciantes irregulares da área. Contudo, a ação revoltou moradores, que assistiram servidores municipais usarem uma escavadeira para derrubar quiosques em um local chamado praça Miami.

“Criei minha família aqui. Tô com 53 anos de idade, pago R$ 650 de aluguel, mais R$ 100 de luz”, disse um comerciante desolado ao ver sua barraca ser destruída.

O prefeito Marcelo Crivella (PRB) afirmou em nota que houve “uso desproporcional da força” contra os trabalhadores e que afastaria os servidores envolvidos.

O Comando Conjunto da intervenção afirmou que a decisão de iniciar o patrulhamento contínuo na favela já estava programada e não está relacionada ao episódio envolvendo a prefeitura e os comerciantes.

A entidade disse que, no período diurno, os militares cumprirão uma escala de patrulhamento simultâneo com a Polícia Militar. Durante a noite, apenas a PM permanecerá na região.

Na sexta-feira, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse que todas as ações na Vila Kennedy são uma experiência-piloto para ações de continuidade em favelas. A ideia, disse ele, é mostrar a resiliência das forças de segurança em relação às provocações do crime organizado.

O crime organizado realizou diversas ações de violência no local nas últimas duas semanas sempre depois que as tropas se retiravam. Barricadas eram reerguidas e até uma igreja cheia chegou a ser assaltada.

“Não adianta nos desafiar, temos disposição e determinação para permanecer”, disse Jungmann. É um recado, nós não vamos desistir”, afirmou o ministro.

Derrubada de quiosques

A retirada do comércio irregular da praça Miami está de acordo com a ideia do interventor de reorganizar o espaço público para aumentar a segurança. Porém, a maneira como a remoção foi feita e o momento em que ela aconteceu foram decisões tomadas pela prefeitura do Rio sem a participação das Forças Armadas ou da equipe de intervenção, segundo militares ouvidos pelo UOL.

Por ter causado revolta na população, a ação causa um efeito contrário à estratégia das Forças Armadas de tentar se aproximar e ganhar a confiança dos moradores da favela.

Há cerca de duas semanas o interventor Braga Netto vem tentando organizar a entrada de órgãos públicos civis na região para prestar serviços como saúde e zeladoria urbana. A proposta é que a população passe a confiar mais no Estado e ajude as forças de segurança com denúncias sobre o paradeiro de criminosos e armas escondidos.