Forças Armadas fazem a maior operação em favela desde o início da intervenção no Rio
As Forças Armadas realizam nesta terça-feira (27) uma operação de grandes proporções em favelas do Complexo do Lins de Vasconcelos, na zona norte do Rio. Esta é a maior ação armada em número de militares envolvidos --ao todo são 3.400-- realizada desde o início da intervenção no Estado.
O objetivo da operação é tentar prender criminosos procurados e localizar armamentos e drogas escondidos. O Complexo do Lins é dominado pela facção criminosa Comando Vermelho. Pelo menos seis pessoas tinham sido presas até as 10h.
Além dos militares, 350 policiais civis e 150 policiais militares participam da ação. Segundo o Comando Conjunto, a Polícia Militar está fazendo o cerco à favela enquanto policiais civis entram na área para cumprir mandados com apoio de combatentes das Forças Armadas.
A Polícia Militar informou, por volta das 7h, que a autoestrada Grajaú-Jacarepaguá estava fechada nos dois sentidos por causa da operação.
O aplicativo Onde Tem Tiroteio, que faz um levantamento informal sobre confrontos armados no Rio, publicou na rede social relatos de disparos de armas de fogo na região por onde passa a estrada.
O Comando Conjunto não confirmou nem desmentiu a ocorrência de confrontos durante operação.
No início da noite, o Comando Conjunto divulgou um balanço da operação. Ao todo 24 suspeitos foram presos, sendo que 16 deles devido ao cumprimento de mandados de prisão e oito em flagrante por tráfico de drogas ou porte ilegal de armas. Foram apreendidos 10 quilos de maconha, duas pistolas, um revólver, oito aparelhos de rádio, 10 carros e 11 motos usados pelos traficantes.
A ação acontece um dia após o Comando Conjunto da intervenção anunciar que as Forças Armadas também passarão a reforçar o patrulhamento ostensivo nas ruas do Rio. Tanto o reforço como a operação no Complexo do Lins ocorrem em paralelo a um esforço feito nos bastidores para reorganizar os órgãos policiais do estado.
A intervenção federal foi decretada no dia 16 de fevereiro. Desde então, as Forças Armadas participaram de operações em ao menos nove favelas. A maior mobilização de tropas até então havia ocorrido no dia 23 de fevereiro, quando os militares entraram nas favelas Vila Kennedy, Coreia e Vila Aliança, na zona oeste do Rio.
Coronel assassinado
Em outubro do ano passado, o coronel da Polícia Militar Luiz Gustavo Teixeira, 48, que comandava o 3º Batalhão da PM do Méier foi assassinado a tiros por criminosos dentro de um carro de polícia descaracterizado próximo ao Complexo do Lins. O crime desencadeou uma série de operações das forças de segurança na região.
No final do mês passado, já durante a intervenção federal, o complexo voltou a ser palco de operações da Polícia Militar, mas sem o apoio das Forças Armadas. A região tem uma Unidade de Polícia Pacificadora desde 2013.
Planejamento
A escolha dos locais de ações das forças de segurança é feita a partir de informações de inteligência, segundo fontes ligadas à intervenção. A ideia seria tentar impedir o fortalecimento de determinados grupos criminosos ou estabilizar áreas propícias a se tornarem palco de disputas entre grupos criminosos.
Com as operações em favelas e o início do patrulhamento de rua feitos pelas Forças Armadas, os interventores federais esperam aumentar a sensação de segurança na cidade.
Segundo o Datafollha, 76% dos moradores do Rio são favoráveis à intervenção federal na segurança pública. A pesquisa, publicada no domingo (25), revela ainda que metade dos entrevistados (52%) acredita que o panorama vai melhorar ao fim desse processo. No levantamento, 17% disseram ser contra a intervenção e 5% não se manifestaram. O instituto ouviu 1.012 pessoas entre quarta (20) e sexta-feira (22) da semana passada. A margem de erro é de três pontos percentuais.
Militares ouvidos pelo UOL afirmaram ter consciência de que as ações ostensivas não vão ter sucesso a longo prazo se, nos bastidores, a intervenção não consiga melhorar a capacidade de operação das polícias – aprimorando processos de gestão e combatendo a corrupção. Eles disseram, porém, que as ações nas ruas e nas favelas são importantes porque ajudam a ganhar o apoio da população e a dissuadir criminosos a cometer alguns tipos de crimes.
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