Vídeo mostra policiais atirando para dispersar mulheres e crianças na Maré
Um vídeo divulgado pela ONG Redes da Maré mostra policiais militares atirando para dispersar um grupo de mulheres e crianças que protestava em uma comunidade do Rio de Janeiro. De acordo com a ONG, o episódio aconteceu nesta segunda-feira (20), por volta das 18h, na localidade conhecida como Nova Holanda, no Complexo da Maré, durante a maior operação da intervenção na segurança pública do Rio em número de favelas --quando pela primeira vez, desde o início da intervenção, militares morreram em confronto.
As imagens mostram moradores --em sua maioria mulheres e crianças-- aproximando-se de um veículo blindado, que leva o símbolo do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar). A coordenadora da ONG, Lidiane Malanquini, diz que o grupo tentava impedir que quatro homens fossem revistados pelos PMs em um beco da comunidade, sem que ninguém pudesse ver.
Em seguida, os PMs levam para dentro do veículo o que aparenta ser um corpo embalado em um plástico ou tecido. O grupo reage, algumas mulheres gritam e gesticulam diante dos policiais. É quando se ouve ao menos dois disparos. Os tiros dispersam o grupo.
Não é possível ver em que direção foram feitos os disparos, mas se ouve o choro de crianças, assustadas com o barulho. Em outro vídeo, uma moradora aparece com o braço ferido, o que teria sido provocado por estilhaços de uma bomba de efeito moral, lançada em direção ao grupo alguns minutos depois, segundo a Redes Maré.
A ONG diz que vai encaminhar as imagens à Polícia Militar e ao Gabinete de Intervenção Federal, para que seja aberta uma investigação. O registro se somaria às denúncias feitas por moradores de que militares teriam revistado casas e carros durante a operação de ontem, apesar de não possuírem mandados judiciais.
A operação de ontem nos complexos do Alemão, Penha e Maré, que contou com 4.200 agentes das Forças Armadas, policiais civis e militares, deixou ao menos sete mortos (cinco supostos criminosos e dois militares).
Outro lado
A reportagem questionou o Gabinete de Intervenção e a Polícia Militar sobre as imagens. O coronel Carlos Cinelli, porta-voz do CML (Comando Militar do Leste) disse que não comentaria o fato de policiais terem feito disparos, mas lamentou "a presença de mulheres e crianças como escudos humanos".
O UOL procurou na manhã de hoje a assessoria de imprensa da PM assim como seu porta-voz major Ivan Blaz, mas até a publicação desta reportagem não obteve retorno.
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