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Pela 1ª vez desde criação em 1999, Ministério da Defesa será comandado por um militar

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, e o ministro interino da Defesa, Joaquim Silva e Luna (terceiro, da esq. para a dir.) - Ascom/Ministério da Defesa
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, e o ministro interino da Defesa, Joaquim Silva e Luna (terceiro, da esq. para a dir.) Imagem: Ascom/Ministério da Defesa

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

26/02/2018 13h12Atualizada em 26/02/2018 21h08

Pela primeira vez desde sua criação, em 1999, o Ministério da Defesa será comandado por um militar. Nesta segunda-feira (26), a Presidência anunciou que o atual secretário-geral da pasta, general do Exército Joaquim Silva e Luna, assumirá o comando interinamente.

O governo publicará, na tarde desta segunda, Medida Provisória que cria o Ministério Extraordinário da Segurança Pública. O então titular da Defesa, Raul Jungmann, será transferido para a nova pasta.

Na atual configuração da Esplanada dos Ministérios do governo Michel Temer, Silva e Luna é o segundo general a assumir uma pasta. O general do Exército Sergio Etchegoyen é ministro do Gabinete de Segurança Institucional.

O general Joaquim Silva e Luna entrou nas Forças Armadas em fevereiro de 1969 por meio da Academia Militar das Agulhas Negras e saiu de lá como aspirante a oficial de engenharia em 1972. Ele se pós-graduou em política, estratégia, alta administração do Exército e em projetos e análise de sistemas. Possui ampla experiência em operações militares e cursos de guerra na selva e de combate básico das Forças de Defesa de Israel.

Em outubro de 2015, tomou posse como secretário-geral da Defesa e foi mantido no cargo por Temer após o impeachment. Na função, tinha a responsabilidade de coordenar e planejar atividades do ministério e promover ações articuladas entre as três Forças.

O Ministério da Defesa foi criado em 1999 no segundo mandato do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e abrigou os quatro ministérios militares existentes na época – Estado-Maior das Forças Armadas, Exército, Aeronáutica e Marinha. Eles perderam o status e passaram a ser vinculados à pasta regidos por comandantes das Forças.

A ideia de se criar um ministério que ficasse responsável por todas as Forças Armadas era discutida desde 1960. Com a instalação da Defesa por Fernando Henrique, passou-se a defender a noção de que a política deveria ficar com os políticos civis enquanto os militares ficariam com o planejamento e a execução de ações.

Segundo reportagens da época, o ex-presidente afirmou na ocasião que a criação do ministério permitiria um planejamento mais eficiente e simplificaria a representação das Forças Armadas.

O primeiro ministro da Defesa foi o ex-governador Elcio Álvares (DEM-ES), que havia encerrado o mandato no Senado um ano antes, onde atuou como líder do governo FHC. Inicialmente, ele assumiu em caráter extraordinário porque nem toda a legislação havia sido aprovada.

Desde então, mais nove civis passaram pelo comando da Defesa até hoje, com a chegada do general Silva e Luna ao posto mais alto. Entre eles, o ex-vice-presidente da República José Alencar, o embaixador Celso Amorim e o jurista Nelson Jobim.