Combate à corrupção não permite cometer crimes, diz Gilmar sobre Lava Jato
"Não pode combater organizações criminosas tornando-se uma", afirma Gilmar Mendes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) em entrevista ao UOL sobre as conversas divulgadas pelo site "The Intercept" entre o ministro Sergio Moro e Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no MPF (Ministério Público Federal) em Curitiba.
Aquele que combate a corrupção não pode cometer crimes, os fins não justificam os meios.
Gilmar Mendes, ministro do STF
Mendes recebeu a reportagem do UOL na tarde desta terça-feira (18), horas antes do Intercept revelar novas conversas entre o ministro da Justiça e o procurador.
As mensagens sugerem que a Lava Jato não quis investigar suspeitas de corrupção envolvendo o instituto criado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) para não melindrá-lo e porque o caso poderia ajudar na defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mendes classificou o vazamento das mensagens como sério, mas diz que é necessário atentar ao que é revelado nos diálogos assim como a forma como eles foram obtidos e se são mesmo reais.
Estamos aguardando e esperando os desdobramentos. Junto com o debate da ilegalidade destes vazamentos, devemos apreciar a substância destas denúncias. Precisamos saber se houve irregularidades na condução do caso e quais irregularidades são essas com muito cuidado.
Gilmar Mendes, ministro do STF
"De qualquer forma, é um aprendizado para todos nós. Muitas vezes o entusiasmo excessivo pode levar a hipertrofias e exageros. Se houver mesmo desvios, nós temos o dever de corrigir", afirma Mendes.
Sobre os vazamentos das mensagens, o ministro lamenta e diz que é um caso sério a ser investigado, mas que os vazamentos também ocorrem "na contramão".
Eu tenho falado que estes vazamentos de informações picadas pelas forças-tarefas, como forma de ganhar apoio da opinião pública, são deletérios.
Gilmar Mendes, ministro do STF
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