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Em carta a família, jornalista decapitado descreveu dia a dia no cativeiro

GlobalPost/AP
Imagem: GlobalPost/AP

Do UOL, em São Paulo

25/08/2014 12h05Atualizada em 25/08/2014 12h09

A família do jornalista norte-americano James Foley, decapitado por militantes do grupo radical Estado Islâmico, divulgou no domingo (24) uma carta deixada por ele antes de morrer, segundo reportagem do jornal britânico "The Guardian".

Mantido em cativeiro durante dois anos após ser sequestrado na Síria, Foley não era autorizado a escrever, mas ditou a carta para um companheiro de cela.

Nela, o jornalista descreve memórias de sua infância ao lado dos pais e irmãos, pede à avó que não se esqueça de tomar os remédios e conta como é a vida dos sequestrados pelos extremistas islâmicos.

“Sonhos de família e amigos me levam embora e a felicidade preenche meu coração”, diz o texto. “Eu rezo para que vocês permaneçam fortes e acreditando. Eu realmente sinto que posso tocá-los, mesmo nessa escuridão, quando oro.”

Sobre a convivência com outros 18 reféns, o jornalista descreve:

“Nós tínhamos um ao outro para longas conversas sobre filmes, coisas triviais, esportes. Nós jogamos jogos feitos a partir de restos encontrados nas nossas celas... nós encontramos maneiras de jogar damas, xadrez e Risk... e fizemos campeonatos, passando alguns dias preparando estratégias para a palestra ou o jogo do dia seguinte.”

“Os jogos e ensinamentos ajudaram a passar o tempo. Eles têm sido uma imensa ajuda. Nós repetimos histórias e rimos para acabar com a tensão”, ele narra.

“Eu tive dias fracos e fortes”, diz Foley. “Nós ficamos muito agradecidos quando alguém é libertado, mas claro, ansiamos por nossa própria liberdade.”

A carta termina com uma mensagem para a avó do jornalista.

“Vovó, por favor, tome seu remédio, caminhe e continue a dançar.” Referindo-se a uma possível volta para casa, ele diz: “Fique forte porque precisarei de sua ajuda para recuperar minha vida”.

Os parentes de Foley criaram uma página no Facebook quando ele desapareceu, cerca de dois anos atrás, com o intuito de encontrar pistas de seu paradeiro. Após a confirmação de sua morte, o site passou a reunir tributos e homenagens ao norte-americano.