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Militares acham restos de corpos em favelas disputadas pelo tráfico perto de Copacabana

Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

21/06/2018 14h25

Militares do Exército e policiais do Bope, tropa de elite da Polícia Militar do Rio de Janeiro, encontraram nesta quinta-feira (21) restos mortais compatíveis com cadáveres humanos na região das favelas Babilônia e Chapéu Mangueira, próximas de Copacabana, na zona sul. No início do mês, sete corpos de supostos traficantes foram encontrados na região.

As duas comunidades vêm sendo palco de uma série de tiroteios envolvendo as facções criminosas Comando Vermelho, que controla o morro da Babilônia, o Terceiro Comando Puro, baseado no Chapéu Mangueira, e forças policiais.

Na madrugada de hoje, 1.800 homens do Exército e 50 policiais do Bope ocuparam as duas favelas em busca de integrantes das facções, drogas e armas. A ocupação foi pacífica e não alterou a rotina das comunidades e do bairro do Leme.

Segundo o Comando Conjunto, os restos mortais encontrados na região passarão por perícia --ainda não é possível saber quantas vítimas são tampouco há quanto tempo foram assassinadas.

A polícia investigará agora se o encontro dos restos mortais tem ligação com os choques entre as facções rivais. Elas disputam pontos de venda de drogas cobiçados em razão da proximidade com a praia do Leme (vizinha a Copacabana), o que faz com que sejam frequentados por clientes de poder aquisitivo mais alto.

No dia 10 de junho, bombeiros encontraram sete corpos em uma região que engloba um costão próximo à Praia Vermelha, na Urca, outro bairro de classe média alta carioca, e uma mata que liga a Urca às duas favelas e ao bairro do Leme. 

Familiares das vítimas atribuíram as mortes a policiais, pois, dois dias antes, homens do Bope participaram de intensa troca de tiros com suspeitos --o episódio levou ao fechamento do teleférico do Pão de Açúcar e do aeroporto Santos Dumont. Porém, a Polícia Civil afirmou que sua linha principal de investigação era que as vítimas haviam sido mortas em confrontos entre traficantes em dias diferentes.

A investigação deve agora apurar se os restos mortais encontrados pelos militares nesta quinta têm ligação com o encontro de cadáveres no início do mês.

A operação das Forças Armadas também resultou na prisão em flagrante de dois suspeitos e apreendeu três granadas, uma pistola, três coletes à prova de balas, carregadores e munição de fuzil.

Militar da Brigada Paraquedista do Exército vigia o alto do morro da Babilônia, no Rio  - Luis Kawaguti - Luis Kawaguti
Militar da Brigada Paraquedista do Exército vigia o alto do morro da Babilônia, no Rio
Imagem: Luis Kawaguti

Tropas da Brigada Paraquedista e do Bope chegaram aos morros antes do amanhecer, entre 3h e 5h. Eles usaram drones para reconhecer o terreno.

Unidades de elite da polícia e do Exército entraram nos pontos controlados pelo crime organizado, mas não enfrentaram resistência armada. Segundo um militar ouvido pela reportagem do UOL, o número de militares entrando na favela teria dissuadido traficantes de reagirem.

Foi usada uma tática conhecida como estabilização dinâmica, na qual a área das favelas é cercada e os militares vão se deslocando para a região central do complexo a fim de apertar o cerco em busca de suspeitos.

O Bope deixou a região por volta de 6h. Tropas do Exército passaram então vasculhar a região em busca de drogas e armas e a montar bloqueios na entrada das favelas para revistar moradores.

As operações em comunidades são encaradas pela intervenção federal como ações emergenciais, que não resolverão o problema de segurança do Rio, mas podem auxiliar medidas mais duradouras de reestruturação das polícias do Rio. Desde fevereiro foram realizadas ao menos 54 grandes operações.