Lula volta a pedir ao STF acesso às conversas entre Moro e Lava Jato
A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a pedir ao STF (Supremo Tribunal Federal) compartilhamento das mensagens trocadas entre os procuradores da força-tarefa da Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro alegando "fatos novos" da Vaza Jato, nome dado às reportagens divulgadas pelo The Intercept Brasil com parceria de veículos de imprensa.
O novo pedido foi feito em uma ação no Supremo em que a defesa de Lula alega suspeição dos procuradores da Lava Jato e pede que os processos contra o ex-presidente conduzidos pela força-tarefa sejam suspensos.
Segundo reportagem publicada ontem pela Agência Pública em parceria com o Intercept, a agente americana Leslie R. Backschies foi designada pelo FBI para ajudar nas investigações da Lava Jato, em 2014.
Para os advogados do ex-presidente, a reportagem revela "novos elementos da colaboração secreta — e ilegal — havida entre os procuradores da força-tarefa da Lava Jato com autoridades norte-americanas".
"O material poderá revelar a extensão da atuação ilegal dos procuradores da República nos atos de persecução realizados contra o Paciente (Lula)", diz a defesa.
Pedido inicial em agosto de 2019
Os advogados do petista apresentaram o pedido de habeas corpus em agosto do ano passado para que todos os processos contra ele no Paraná fossem suspensos e que ele fosse solto liminarmente por suspeição (suposta parcialidade) dos procuradores que atuaram no processo do tríplex do Guarujá. Lula foi solto em novembro após o STF decidir que um condenado só pode ser preso após o trânsito em julgado (o fim dos recursos).
Posteriormente, a defesa protocolou uma petição reiterando o pedido. A manifestação incluía reportagem publicada pelo UOL, mostrando que procuradores da força-tarefa da Lava Jato ironizaram a morte da ex-primeira dama Marisa Letícia, mulher de Lula, bem como o luto do ex-presidente pela morte de seu irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá.
No fim de agosto, o ministro Edson Fachin, negou liminar na ação. Ele também negou o pedido de produção de provas. O petista havia pedido que o ministro Alexandre de Moraes fosse consultado sobre a possibilidade de compartilhamento das supostas mensagens trocadas entre os procuradores e outras autoridades, que dissessem respeito a Lula.
Nesta nova petição, protocolada ontem, os advogados voltaram a pedir o compartilhamento dos arquivos que instruem o inquérito sob relatoria de Moraes no tocante às mensagens trocadas entre os procuradores e Moro por meio de aparelhos funcionais e que foram apreendidas no âmbito da Operação Spoofing, que resultou na prisão de quatro suspeitos de hackear telefones de autoridades, e que digam respeito ao ex-presidente.
Lula repercute reportagem
Ontem, Lula afirmou que a suposta proximidade entre o FBI e a Lava Jato divulgada em reportagem da Agência Pública tinha como objetivo a Petrobras e o pré-sal brasileiro. Ele disse ainda que "um dia, a história vai ser contada em toda sua verdade".
Nas redes sociais, o ex-presidente brasileiro — condenado a 17 anos de prisão, sentença mantida por unanimidade pela 8ª Turma do tribunal que revista os processos da Operação Lava Jato — repercutiu a reportagem e sugeriu que o objetivo seria acabar com empresas brasileiras que estavam ganhando licitações das americanas no Oriente Médio.
Em nota enviada à Agência Pública, a força-tarefa da Lava Jato reiterou que "além dos pedidos formais por meio dos canais oficiais, é altamente recomendável que as autoridades mantenham contatos diretos. A cooperação inclui, antes da transmissão de um pedido de cooperação, manter contatos, fazer reuniões, virtuais ou presenciais, discutir estratégias, com o objetivo de intercâmbio de conhecimento sobre as informações a serem pedidas e recebidas."
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