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UOL Tablóide critica: 1808, o ano que o Editor não entendeu

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Editor do UOL Tablóide

06/05/2008 23h03

O Editor do UOL Tablóide considera-se um cara bem informado. Acompanha as notícias internacionais, os concursos de miss, as disputas de xadrez-boxe. Vez ou outra, pede a um colaborador que critique o que quiser - por exemplo, o History Channel.

Nesta semana, o próprio Editor vai criticar. O alvo dele é o MDCCCVIII - ou seja, o mil, oitocentos e oito, 1808 na versão resumida.

Não, não estamos falando do livro "1808", de Laurentino Gomes (o Editor ainda não leu este livro, embora já tenha mergulhado em muitas outras obras sobre a época). Mas do 1808, esse ano que brasileiros e portugueses resolveram comemorar de um jeito, digamos, muito especial.

1808, o ano, não foi nada fácil para os portugueses e para brasileiros. A corte, pressionada pelo avanço napoleônico, preferiu buscar terras distantes para se manter. Os moradores do Rio de Janeiro tiveram que receber numa cidade despreparada essa corte, acomodar milhares de pessoas e tal.

Até aí, tudo bem. O problema começa quando o pessoal vai comemorar. O Editor não chega a achar, como o historiador Evaldo Cabral de Mello, que isso é apenas "armação de carioca".

Na presença do vice-presidente José Alencar, dona Lily Marinho fez uma festa franco-portuguesa-brasileira, documentada pela Caras. Um ator representava Napoleão Bonaparte. Uma atriz, sua querida Josefina. Como explicou a mentora da recepção (uma jornalista), segundo a Caras, "quem proporcionou esta festa, na verdade, foi Napoleão, que forçou a vinda da família real para o Brasil" (também tinha um pessoal usando roupinha de escravo para servir o pessoal mais sortudo). Taí uma honraria que o titio Napô não esperava.

É verdade que, na hora da festa, tudo é permitido, ainda mais abaixo do Equador. De 6 a 9 de março, o presidente de Portugal, Cavaco Silva, veio ao Brasil para festejar o fato de que a celebração de 2008 permitiu "a volta da figura de D. João VI" e a "correção" da idéia que os brasileiros tinham daquele que, antes de rei, foi regente. Para Cavaco, a vinda da família real foi fundamental para a criação de instituições que permitiram a independência do Brasil.

Oquei, não há erro nisso, talvez, no máximo e com má vontade, exagero. O engraçado apenas é o presidente português festejar a perda do território. Não deixa de ser um sinal de civilidade, mas também não deixa de ser engraçado.

Na Faculdade de Direito de São Paulo, finalmente, uma comemoração com banda tocando hinos nacionais - do Brasil e de Portugal - e um representante da própria família real portuguesa e brasileira. Quem sabe numa dessa a monarquia volta a pegar e a gente escolhe um reizinho, né?

É sabida a admiração do Editor do UOL Tablóide por Chico Buarque. Na falta de inspiração para um samba-enredo, o Editor vai mexer mais uma vez numa letra famosa dele, "Fado Tropical": "Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal/ Ainda vai tornar-se uma colônia imperial". ("versão" do Editor)

Tudo bem que história é história, festa é festa, ficção é ficção. Mas vamos classificar direito: 1808, tal qual está sendo posto, é Carnaval. O resto tudo, como diria aquela famosa coleção de livrinhos, é história.

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