Em ação em 3 favelas, militares destroem barricadas e incentivam denúncias com alto falantes
As Forças Armadas e as polícias civil e militar realizam desde a madrugada desta sexta-feira (23) operações nas favelas Vila Kennedy, Vila Aliança e Coreia, na zona oeste da região metropolitana do Rio.
Dentro da Vila Kennedy, os militares destroem barricadas do tráfico, revistam carros e solicitam documentos de quem entra na favela. Com alto falantes, caminhões do Exército divulgam um número de telefone para denúncias --as Forças Armadas tentam contar com o apoio da população para descobrir armamentos escondidos e localizar suspeitos de pertencerem ao crime organizado.
Segundo apurou a reportagem do UOL, um posto militar foi instalado na Vila Kennedy perto de uma boca de fumo. Ainda não há informações sobre quanto tempo a base permanecerá na comunidade.
No começo da manhã, o Exército estava cadastrando e fotografando as identidades de moradores, além de verificar possíveis antecedentes criminais.
A ação, que conta com cerca de 3.200 militares, ocorre dois dias após criminosos assassinarem o subcomandante da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Vila Kennedy, o segundo tenente Guilherme Lopes da Cruz, 26, enquanto comprava comida em um drive-thru de uma lanchonete. Ele estava envolvido na investigação do assassinato de um sargento do Exército ocorrido na terça-feira (20).
As Forças Armadas não esclareceram se a operação de hoje está relacionada aos dois assassinatos. Em nota, diz apenas que ela faz parte de uma programação de ações da operação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), em vigor desde julho do ano passado --as ações no âmbito da intervenção federal ainda não tiveram início.
No começo da operação, moradores relataram terem ouvido disparos, mas as forças militares não confirmaram a ocorrência de confrontos. Ao menos dois suspeitos foram presos.
Segundo o CML, setores do espaço aéreo podem ser controlados durante a ação. Não há alteração nas operações dos aeroportos.
O órgão afirmou ainda que representantes das Forças Armadas, da Polícia Militar, da Polícia Civil, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional acompanham a ação desde 5h no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, região central do Rio.
Terceira ação pós-intervenção
Esta é a terceira operação envolvendo as Forças Armadas desde a aprovação do decreto de intervenção federal na área de segurança do Rio de Janeiro no último dia 16.
Entre e a noite de segunda-feira (19) e a manhã de terça (20), cerca de 3.000 homens das polícias e das Forças Armadas fizeram bloqueios em rodovias de acesso ao Rio de Janeiro nas divisas com São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais, na periferia da capital e em acessos de favelas.
Na quarta-feira (21), forças do Exército e agentes penitenciários realizaram buscas por armas, drogas e celulares no presídio Milton Dias Moreira, em Japeri. O local havia sido palco de uma rebelião no domingo.
O segundo tenente Cruz estava envolvido na investigação da morte do sargento do Exército Bruno Cazuca, morto na terça-feira ao reagir a um assalto em Campo Grande, na zona oeste do Rio.
Cruz foi morto logo após entregar em uma unidade policial a arma do sargento Cazuca, que havia sido encontrada na favela Vila Kennedy. A polícia afirmou inicialmente que os dois crimes não estariam diretamente conectados.
Intervenção
Desde 2016, o Rio sofre com uma profunda crise econômica e política que castiga todas as áreas do Estado, inclusive a da segurança. O governo fluminense conta com o auxílio das Forças Armadas, por meio da GLO desde julho do ano passado na tentativa de contornar a criminalidade.
Na semana passada, o presidente Michel Temer (MDB) decretou, em conjunto com o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (ambos do MDB), a intervenção federal sob comando do general do Exército Walter Souza Braga Netto. A medida já foi aprovada pelo Congresso.
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