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Mortes e tiroteios aumentam nos primeiros 10 dias de intervenção federal no RJ

Moradores da zona sul realizam protesto pedindo paz e fim da violência - Alessandro Buzas/Futura Press/Estadão Conteúdo
Moradores da zona sul realizam protesto pedindo paz e fim da violência Imagem: Alessandro Buzas/Futura Press/Estadão Conteúdo

Lola Ferreira

Colaboração para o UOL, no Rio

25/02/2018 20h37

O Rio de Janeiro registrou ao menos 47 mortes violentas nos primeiros dez dias de intervenção federal na segurança do Estado. Também foram registrados 250 tiroteios ou disparos de arma de fogo na região metropolitana do Rio. Houve, portanto, um aumento em comparação com os dez dias que antecederam o decreto assinado pelo presidente Michel Temer.

No período anterior, foram 206 tiroteios ou disparos e 36 mortes registradas. As informações são do aplicativo Fogo Cruzado, serviço não oficial que mapeia os dados a partir de informações de moradores, órgãos oficiais e notícias veiculadas pela imprensa.

Entre os mortos, está o subcomandante da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Vila Kennedy, Guilherme Lopes da Cruz. O tenente de 26 anos foi assassinado durante um assalto a uma lanchonete em Jacarepaguá, na zona oeste da cidade, na quarta-feira (21). 

Dois dias depois, as Forças Armadas fizeram uma operação na comunidade em que Cruz era lotado, além das comunidades da Vila Aliança e Coreia, também na zona oeste da cidade. A ação da sexta-feira (23) contou com 3.200 militares e resultou em 27 pessoas detidas, mas não ocorreu devido à intervenção federal.

As Forças Armadas afirmam que ela é parte da programação de ações da GLO (Garantia da Lei e da Ordem), em vigor desde julho de 2017. Oficialmente, as ações relacionadas à intervenção ainda não têm data para começar.

No período, além de Guilherme Cruz, também foi morto o sargento Cristiano das Neves Souza, de 40 anos. Ele foi baleado durante um assalto em São Gonçalo, na região metropolitana, e não resistiu aos ferimentos.

Na zona sul carioca, foi registrado um tiroteio na tarde de sexta (23) no morro Dona Marta. Considerada "favela modelo", a localidade foi a primeira a receber uma UPP, em 2008. Apesar da presença dos policiais na comunidade, nos últimos anos o índice de tiroteios tem aumentado.

No Complexo da Maré, na zona norte da cidade, um tiroteio na tarde de quinta (22) assustou moradores. Durante a operação da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais, da Polícia Civil), um veículo blindado (caveirão) e um helicóptero foram vistos na localidade e nas redes sociais houve registro de tiroteios durante toda a tarde.

A principal reclamação dos moradores foi o horário da operação, que começou por volta das 12h, horário escolar e de grande movimentação nas ruas da comunidade. O resultado da ação foi a apreensão de 50 kg de maconha e 780 sacolés de cocaína e a descoberta de uma suposta "área de lazer" utilizada pelo tráfico, segundo a Polícia Civil.

Na manhã deste domingo (25), parentes de vítimas de crimes na cidade, além de moradores da zona sul carioca, realizaram protesto pedindo paz e fim da violência. Os manifestantes seguiram até o Palácio Guanabara, sede do governo fluminense. 

Procurada pelo UOL, a Secretaria de Segurança do Estado do Rio informou que não comenta os dados do Fogo Cruzado por não serem oficiais. A secretaria analisa somente os dados do ISP (Instituto de Segurança Pública), levantados a partir dos registros de ocorrências nas delegacias do Estado. As informações sobre ocorrências registradas neste mês só serão publicadas em março.

A assessoria do Comando Militar do Leste informou que não tem um levantamento próprio de tiroteios e mortes violentas e que utiliza os dados do ISP. O interventor nomeado pelo governo federal, general Walter Braga Netto, deve nomear sua equipe na terça (27).