Caso Marielle: miliciano é elo de Brazão com PM que fez falso testemunho
Resumo da notícia
- PGR afirma que Brazão protegeu e usou PM para atrapalhar investigações
- Miliciano do Escritório do Crime trabalha para político e protegeu PM
- Brazão arquitetou o assassinato de Marielle Franco, afirma PGR
O miliciano Marcus Vinicius Reis Santos, o Fininho, é apontado como elo entre o político Domingos Brazão, suspeito de ser o mandante da morte de Marielle Franco, e o policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, que confessou ter prestado um falso testemunho que atrapalhou as investigações sobre o atentado.
A informação consta na denúncia enviada ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), no mês de setembro, pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Desta forma, é possível delinear uma trama que liga o atentado, no qual também morreu o motorista Anderson Gomes, a um plano para atrapalhar as investigações.
"Conforme consta do inquérito, ao se afastar de Orlando [Curicica], Rodrigo Ferreira pediu ajuda e proteção para Marcus Vinicius Reis dos Santos, vulgo Fininho, que trabalhava para Domingos Brazão, tendo ficado, portanto, sob a proteção de pessoas ligadas a Domingos Brazão", lê-se no documento obtido com exclusividade pelo UOL.
De acordo com uma conversa telefônica entre o vereador Marcello Sicilliano e o miliciano Jorge Alberto Moreth, o Beto Bomba, Fininho também seria o intermediário entre Brazão e os assassinos de Marielle e Anderson.
Fininho foi expulso da Polícia Militar do Rio de Janeiro, como consta na denúncia do Ministério Público Estadual do Rio Janeiro referente à Operação Intocáveis, que investiga a milícia de Rio das Pedras.
Escritório do Crime
Em reportagem publicada em 12 de julho, o UOL revelou o conteúdo de conversas telefônicas interceptadas com autorização da Justiça que confirmam a ligação de milicianos de Rio das Pedras, na zona oeste do Rio, com membros da família Brazão.
Fininho foi preso em maio, apontado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) como um dos integrantes da milícia, cujo braço armado é chamado de "Escritório do Crime", um grupo de matadores de aluguel.
Os chefes do Escritório do Crime são o major da PM Ronald Paulo Alves Pereira e o ex-policial militar Adriano Magalhães da Nóbrega, conhecido como Capitão Adriano, foragido desde janeiro. Ronald Paulo está preso e teria participado da trama do assassinato de Marielle e Anderson.
Os dois milicianos foram homenageados pelo então deputado estadual e atual senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) com honrarias na Alerj.
Por sua vez, Ferreirinha era integrante de outra milícia que atua na zona oeste do Rio e que era comandada pelo ex-PM Orlando Araújo, o Orlando Curicica. Após se desentender com o ex-chefe, Ferreirinha buscou abrigo na milícia de Rio das Pedras.
O falso testemunho
Ferrerinha foi levado por três delegados federais a prestar depoimento à Polícia Civil do Rio. Ele afirmou que os mandantes do atentado contra Marielle eram Curicica e o vereador Marcello Sicilliano. Depois, Ferreirinha confessou haver mentido para prejudicar o antigo chefe de sua quadrilha.
"Dessa forma, estando Rodrigo Ferreira sob a proteção de Domingos Brazão e tendo interesses escusos em prejudicar Orlando, Gilberto Ribeiro da Costa viu em Rodrigo Ferreira a pessoa ideal para prestar o falso testemunho e imputar a morte de Marielle e Anderson a Orlando Curicica", afirma Dodge, em sua denúncia.
O policial federal aposentado Gilberto Ribeiro da Costa é funcionário do gabinete de Brazão no TCE-RJ (Tribunal de Contas do Rio de Janeiro),
Brazão arquitetou o atentado, diz PGR
A Procuradoria-Geral da República também afirmou em denúncia enviada ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) que o político Domingos Brazão "arquitetou o homicídio" da vereadora Marielle Franco e visando manter-se impune, esquematizou a difusão de notícia falsa sobre os responsáveis pelo homicídio."
"Fazia parte da estratégia que alguém prestasse falso testemunho sobre a autoria do crime e a notícia falsa chegasse à Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, desviando o curso da investigação em andamento e afastando a linha investigativa que pudesse identificá-lo como mentor intelectual dos crimes de homicídio", lê-se na denúncia obtida com exclusividade pelo UOL.
Em outro pedido feito também ao STJ, Dodge pediu a federalização das investigações.
Brazão e todos os citados nesta reportagem sempre negaram envolvimento no caso.
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