Carlos Bolsonaro relatou à polícia discussão com assessor de Marielle
Resumo da notícia
- Filho do presidente, que é vereador no Rio, teve discussão com assessor de Marielle
- À Polícia Civil, Carlos disse que foi chamado de "fascista" pelo funcionário da vereadora
- Ex-colaboradoras de Marielle lembram desentendimentos entre equipes dos vereadores
- Gabinetes de Carlos e Marielle eram vizinhos na Câmara Municipal do Rio
O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) relatou, em depoimento à Polícia Civil, que teve uma discussão com um assessor da vereadora da Marielle Franco (PSOL), no corredor do nono andar da Câmara Municipal do Rio. Ele foi ouvido na condição de testemunha. A confusão foi apaziguada pela própria Marielle. Carlos não cita a data da discussão.
Carlos é um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Ontem, reportagem da TV Globo divulgou uma menção nominal ao presidente no inquérito do duplo homicídio da vereadora e do motorista dela, Anderson Gomes, ocorrido em 14 de março de 2018. O presidente negou qualquer envolvimento no Caso Marielle.
No dia 26 de abril do ano passado, pouco mais de um mês após o crime, Carlos Bolsonaro prestou depoimento ao delegado Giniton Lages, então titular da DH da Capital (Delegacia de Homicídios do Rio).
Os gabinetes de Carlos e Marielle eram vizinhos no nono andar da Câmara. Em seu depoimento, o vereador afirmou que um assessor de Marielle dava entrevista a uma emissora espanhola e o chamou "fascista" quando ele passava pelo corredor.
Carlos declarou que questionou o funcionário sobre o motivo da agressão verbal. Ainda segundo o vereador, a própria Marielle "intercedeu para acalmar os ânimos, encerrando a discussão". Ele não informou a data em que o bate-boca aconteceu.
O vereador disse ainda que mantinha um relacionamento "respeitoso e cordial" com Marielle, apesar das divergências políticas. Ele afirmou ter ficado sabendo do assassinato da vereadora pela imprensa.
Funcionárias de Marielle confirmam discussão
Dias antes do depoimento de Carlos Bolsonaro, duas colaboradoras do gabinete de Marielle Franco relataram à polícia o que sabiam sobre o bate-boca.
No dia 17 de abril de 2018, uma pesquisadora afirmou "que houve um desentendimento entre Carlos Bolsonaro e um dos assessores de Marielle". Segundo ela, "Marielle interviu [sic] amenizando e resolvendo o fato na época". A pesquisadora, que colaborava para o gabinete da vereadora do PSOL, disse ainda não se recordar da data do fato.
No dia seguinte, uma advogada também prestou depoimento. Ela, que fazia parte do grupo de trabalho criado por Marielle para a causa de gênero, deu informações diferentes do vereador sobre o motivo da discussão.
"Se recorda que uma pessoa ligada a Carlos Bolsonaro, o qual se encontrava em seu gabinete, fez uns comentários desrespeitosos para um dos assessores de Marielle, tendo se iniciado uma pequena confusão, em seguida Marielle e o próprio Carlos Bolsonaro acabaram intercedendo, com a finalidade de acalmar os ânimos exaltados".
Milícias não são assunto da Câmara, disse Carlos
Em seu depoimento, Carlos Bolsonaro também foi questionado sobre a possível atuação de Marielle contra temas de interesse de milícias, e respondeu que não tinha conhecimento disso, e afirmou que o assunto fugia à alçada da Câmara Municipal.
O vereador também foi perguntado sobre o trabalho de Marielle junto ao então deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), hoje deputado federal, na CPI das Milícias da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), em 2008. Carlos disse só ter ficado sabendo deste trabalho depois que ela foi eleita.
Carlos Bolsonaro ainda declarou que Marielle não participou da discussão a respeito de projeto de verticalização da favela de Rio das Pedras, zona oeste do Rio, reduto das milícias cariocas e do Escritório do Crime — quadrilha cujos membros são suspeitos de envolvimento na morte da vereadora. Segundo Carlos, o projeto não foi adiante.
Suspeito disse que iria à casa de Bolsonaro, diz TV
De acordo com a reportagem da Globo, em depoimento, um porteiro do condomínio onde Bolsonaro mantém residência no Rio disse que, no dia do crime, alguém com a voz dele autorizou a entrada de um dos suspeitos do homicídio.
Bolsonaro, no entanto, estava na Câmara dos Deputados no horário que o fato ocorreu, segundo registro de presença da Casa consultado pela reportagem da Globo.
Segundo a reportagem, Élcio Vieira Queiroz, suspeito de dirigir o carro usado no crime, disse que iria a casa de número 58, que pertence a Bolsonaro. Ele, porém, acabou se dirigindo à casa 65, de Ronnie Lessa, suspeito de ser o autor dos disparos. Carlos Bolsonaro mora no mesmo condomínio em outra casa que tem seu pai como proprietário.
A simples citação ao nome do mandatário pode levar o caso a ser investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), devido ao foro por prerrogativa de função.
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