Bolsonaro cita aviso de Witzel e ataca: "achava que eu sabia da patifaria"
O presidente da República Jair Bolsonaro (PSL) disse, em entrevista à Band News, que foi avisado há três semanas pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), sobre a citação ao seu nome no processo que investiga a morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.
Segundo Bolsonaro, Witzel o chamou de canto durante um encontro casual no dia 9 de outubro, no Rio de Janeiro, e puxou o assunto como se ele já soubesse sobre este andamento da investigação.
"Isso foi numa quarta-feira, há 3 ou 4 semanas, no Clube Naval, por volta das 21h. De repente ele chegou, se surpreendeu comigo. Ele achava que eu sabia da patifaria que estava acontecendo e foi conversar comigo no canto. "Teve um problema, citaram seu nome (no caso Marielle), a história está assim, nós já enviamos ao processo (ao STF)'. Nós quem? Nós quem cara pálida, é atribuição de quem?", atacou. Antes, ele já havia dito que a conversa ocorreu no dia 9 de outubro,
Uma reportagem da TV Globo, exibida ontem no Jornal Nacional, relata que o porteiro do condomínio onde Bolsonaro mantém residência no Rio de Janeiro afirmou que o suspeito de matar a vereadora Marielle Franco pediu para ir à casa do presidente no dia do crime. O condomínio Vivendas da Barra, onde Bolsonaro tem casa, é o mesmo onde vivia o policial militar reformado Ronnie Lessa, apontado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil como o autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson.
Segundo Bolsonaro, a conversa com Witzel o deixou em alerta sobre a possibilidade de o assunto vir à tona durante a sua viagem pela Ásia, embora ele não tenha se preocupado com o que considera uma narrativa absurda. O presidente ainda reafirmou o que já havia sido publicado pelo Jornal Nacional, de que naquela data estava em Brasília, conforme registro oficial da Câmara dos Deputados. Registros de redes sociais reforçam o argumento.
"Uma história sem pé nem cabeça, e pensei que poderia sair algo durante a viagem", disse.
Mais cedo, em conversa com jornalistas, Bolsonaro já havia citado este encontro com Witzel no Rio de Janeiro para corroborar a sua versão de que o governador foi o responsável por vazar o processo que corria em segredo de Justiça
"Então, no meu entendimento, o senhor Witzel estava conduzindo o processo com delegado da Polícia Civil para tentar me incriminar ou pelo menos manchar meu nome com essa falsa acusação que poderia estar envolvido na morte da senhora Marielle", falou Bolsonaro.
Em sua defesa, Witzel postou um texto no Twitter negando qualquer interferência. "Lamento profundamente a manifestação intempestiva do presidente Jair Bolsonaro. Ressalto que jamais houve qualquer tipo de interferência política nas investigações conduzidas pelo Ministério Público e a cargo da Polícia Civil. Em meu governo, as instituições funcionam plenamente e o respeito à lei rege todas nossas ações", disse.
Sem interferência no Governo
Na entrevista à Band News, Bolsonaro afirmou que a citação ao seu nome não vai interferir no seu Governo. "Parte da oposição vai martelar em cima disso, mas isso não vai ter qualquer repercussão no discutido na Câmara ou no Senado. Entre o pessoal da esquerda, alguns vão ter vergonha de discursar sobre o assunto e cravar uma narrativa tão fajuta como essa", disse.
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