Filha fala sobre seguir passos de Marielle: "é uma luta que represento"
No ato que marca um ano do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), a filha dela, Luyara Santos, 20, disse se sentir abraçada pelas milhares de pessoas que ocupam a Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, e realizam manifestações artísticas e políticas em homenagem à sua mãe.
Apesar da dor, Luyara diz que a morte da mãe abriu os seus olhos para a causa dos direitos humanos e para as bandeiras defendidas por Marielle. "Conviver com a minha mãe me deu esta consciência desde cedo. Frequento esse ambiente desde que ela trabalhava no gabinete do Marcelo Freixo. É um lugar em que me sinto muito acolhida, são pessoas que me viram crescer. E é uma luta que represento. Eu entendi que preciso ocupar certos espaços", diz.
Atualmente, ela se encontra lotada no gabinete da deputada Renata Souza (PSOL) na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) --Renata era assessora no gabinete de Marielle, que por sua vez trabalhou por mais de dez anos com o deputado Marcelo Freixo, do mesmo partido.
No entanto, apesar do orgulho ante a projeção da luta de Marielle, Luyara desabafa:
Confesso que eu não queria estar aqui hoje. É muita gratidão entender no que a minha mãe se tornou, o que significa hoje a imagem da Marielle Franco. Mas eu não queria estar aqui. A família sempre sente, nunca cura por completo.
Luyara Franco, filha de Marielle
A estudante de educação física conta que ter retomado a rotina depois do assassinato da mãe a ajudou lidar com o luto.
"A minha vida retomou normalidade um mês depois. Minha mãe morreu no dia 14 de março. Em 18 de abril, as minhas aulas começavam na faculdade. Foi um baque, mas eu estou desde então trabalhando e estudando. Em meio às crises, às noites sem dormir, a minha vida sempre teve uma rotina. Talvez tenha sido uma forma de não focar tanto em tudo o que aconteceu."
Apesar da consciência política que aflora, Luyara afirma que ainda não se sente bem para comentar as prisões de dois homens apontados pela polícia do Rio como autores do crime.
De acordo com a irmã de Marielle, Anielle Franco, a família se resguarda de qualquer ameaça. De acordo com o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), o crime envolveu o ódio dos acusados contra pautas defendidas pela vereadora.
"Nos resguardamos, sim. Nós assumimos esta bandeira com a morte da Marielle e sabemos que isto incomoda. E seguimos cobrando a resposta para a principal pergunta: 'quem mandou matar Marielle?'. Mas seguimos com plena confiança nas promotoras responsáveis pelo caso e sabemos que teremos uma resposta em breve", conclui.
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