EUA dizem que vídeo é real, mas não se intimidarão com jornalista decapitado
É autêntico o vídeo que mostra a decapitação do jornalista norte-americano Steven Sotloff, 31, segundo informou a Casa Branca nesta quarta-feira (3). As imagens foram divulgadas ontem pelo grupo radical Estado Islâmico (EI) como uma “segunda mensagem à América”. No fim de agosto, o grupo matou de maneira semelhante o jornalista James Foley, 40. Ambos foram sequestrados na Síria e eram mantidos reféns desde então: Foley há dois anos e Sotloff desde agosto de 2013.
"Os serviços de inteligência dos Estados Unidos analisaram a recente divulgação de um vídeo que mostra o cidadão norte-americano Steven Sotloff e chegaram à conclusão de que é autêntico", disse a porta-voz da Agência Nacional de Segurança, Caitlin Hayden.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que o país não se deixará intimidar pelos jihadistas do EI. Obama condenou o "horrível ato de violência" e recordou que o objetivo de Washington é que o EI deixe de ser uma ameaça, mas que isso será possível apenas com a colaboração de seus parceiros no Oriente Médio.
Vestindo roupas alaranjadas e de joelhos, Sotloff diz para a câmera que é vítima da decisão do presidente Barack Obama de realizar ataques aéreos no Iraque. Ao lado dele, em pé, um homem todo vestido de preto corta seu pescoço logo depois.
Também foi confirmado hoje que Steven Sotloff tinha nacionalidade israelense. De acordo com o portal de notícias “Haaretz”, a informação é do Ministério de Relações Exteriores de Israel.
O jornal israelense Yedioth Ahronoth, citando um ex-prisioneiro dos radicais islâmicos, disse que Sotloff havia mantido seu judaísmo em segredo diante dos insurgentes fingindo estar doente quando jejuou para o feriado de Yom Kippur.
Reportagens da imprensa de Israel divulgaram que Sotloff, nascido nos EUA, emigrou para Israel em 2005 e estudou em uma faculdade particular perto de Tel Aviv.
“Nós nos recusamos a reconhecer qualquer relacionamento com ele, caso fosse perigoso para ele”, disse Avi Hoffman, editor da revista Jerusalem Report, que já publicara reportagens de Sotloff.
Já era sabido que Sotloff estava nas mãos dos extremistas porque ele foi mostrado no vídeo em que Foley é assassinado. Os jihadistas prometeram matá-lo se continuassem os ataques aéreos dos EUA no norte do Iraque, como forma de dar apoio ao governo no combate ao EI.
Na semana passada, a mãe do repórter divulgou um vídeo pedindo para que o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, não matasse seu filho. "Steven viajou o Oriente Médio cobrindo o sofrimento dos muçulmanos na mão de tiranos", disse ela.
O assassino dos dois norte-americanos seria a mesma pessoa, identificada pelos serviços secretos do Reino Unido como Abdel-Majed Abdel Bary, 23, cidadão britânico conhecido entre os extremistas como "Jihadi John".
O grupo islâmico assumiu, por meio de atos violentos, o controle de várias cidades na Síria e no Iraque e ameaça matar um cidadão britânico, David Cawthorne Haines, também mantido refém.
Envio de mais tropas ao Iraque
Os EUA decidiram enviar mais soldados a Bagdá para proteger instalações diplomáticas norte-americanas e funcionários do governo.
"O presidente autorizou o Departamento de Defesa a atender uma solicitação do Departamento de Estado por aproximadamente 350 militares adicionais dos Estados Unidos para proteger nossas instalações e pessoal diplomáticos em Bagdá", afirmou a Casa Branca em um comunicado.
Hoje, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se manifestou sobre a violência cometida pelos rebeldes.
"Estamos todos indignados com as informações procedentes do Iraque sobre os terríveis assassinatos de civis" pelo Estado Islâmico, "incluindo a decapitação terrível de outro jornalista", disse Ban Ki-moon na Nova Zelândia.
De acordo com a ONU, ao menos 1.420 pessoas foram mortas no Iraque em agosto durante os confrontos entre jihadistas e milícias locais. A organização considera "crimes contra a humanidade" as ações do EI na Síria e no Iraque.
"Muitos foram diretamente assassinados, outros sitiados e privados de alimentos, água e remédios", afirmou a a responsável adjunta do Alto Comissariado dos Direitos Humanos, Flavia Pansieri. Segundo a funcionária da ONU, foram mortos pelo menos mil yazidis, uma das minorias mais perseguidas, e 2.750 foram sequestrados ou escravizados nas últimas semanas.
Em Badosh, houve a execução sumária de 650 prisioneiros, com especial violência no caso dos homens xiitas, que foram obrigados a cavar buracos onde foram mortos pelos insurgentes. (Com agências internacionais)
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