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Operação Lava Jato

Moro elogia Bretas e diz que soltura de Temer "faz parte do jogo"

Theo Marques - 28.ago.2017/Folhapress
Imagem: Theo Marques - 28.ago.2017/Folhapress

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

26/03/2019 08h51Atualizada em 26/03/2019 09h23

O ministro Sergio Moro (Justiça) defendeu o juiz federal Marcelo Bretas, seu ex-colega de magistratura, e disse que a decisão da segunda instância de soltar o ex-presidente Michel Temer (MDB) faz "parte do jogo".

"Existe no Judiciário essa possibilidade de revisão", disse, em entrevista hoje à rádio BandNews FM, o ex-juiz responsável por processos da Operação Lava Jato no Paraná. Bretas comanda as ações no Rio.

Ontem, o desembargador Antonio Ivan Athié, do TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), concedeu um habeas corpus ao ex-presidente, que havia sido preso na última quinta-feira (21) por suspeitas de crimes de corrupção e de comandar uma organização criminosa. A defesa de Temer nega. Bretas, da primeira instância, havia determinado a prisão preventiva, sem prazo específico, contra o ex-presidente.

Em sua decisão, Athié também elogiou Bretas, dizendo que ele é "notável", "competente", "seguro" e "corretíssimo", mas indicou que uma ordem de prisão deve respeitar os direitos dos advogados garantidos pela Constituição.

O desembargador também fez referências à Lava Jato, e comentou que não é contra a operação. "Também quero ver nosso país livre da corrupção que o assola", escreveu. "Todavia, sem observância das garantias constitucionais, asseguradas a todos, inclusive aos que a renegam aos outros, com violação de regras não há legitimidade no combate a essa praga".

Discordâncias eventuais

Na entrevista, Moro disse que Bretas é "muito competente". "Ele entendeu que era o caso de prisão preventiva, o desembargador reviu a decisão", disse.

"O que nós temos que preservar é sempre a independência judicial. As Cortes de Justiça têm independência de fazer os seus julgamentos. Eventualmente, nós podemos discordar de um ou de outro, mas faz parte do jogo", declarou.

Em sua primeira manifestação nas redes sociais após a decisão do TRF-2, Bretas disse hoje que "o silêncio é a única resposta que devemos dar aos tolos". "Porque a ignorância fala. A inteligência não dá palpites", escreveu em sua página no Twitter. O juiz também desejou "bom dia aos brasileiros de bem".

"Palavras ásperas são normais"

À BandNews FM, Moro também comentou os atritos entre ele e o presidente da Câmara, deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), a respeito da tramitação do projeto anticrime do ministro. Maia já indicou que a proposta não está em sua agenda. Para ele, a prioridade está nas reformas da Previdência e Tributária.

Para Moro, o episódio "foi um pouco superdimensionado". "Essas questões de rusgas... eventualmente algumas palavras ásperas na política são normais. Houve de fato isso, mas nós já conversamos, e estamos tranquilos". O ministro diz acreditar que seu projeto irá tramitar. "Claro que cabe a ele [Maia] definir essa pauta".

O ex-juiz espera que o pacote seja aprovado o quanto antes. "Tem que ter paciência. O tempo da política é um pouco diferente", comentou.

Moro avalia que o momento no país é de união em prol das reformas apresentadas pelo governo. "Se nós não nos unirmos agora, depois nós vamos nos unir indo para o buraco, indo para lugar nenhum", disse.

O ministro também voltou a negar que irá disputar a eleição ao Planalto em 2022, que "parece daqui a 20 anos" para ele. "Não tenho nenhuma pretensão nesse sentido [de concorrer ao cargo de presidente]".

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