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Operação Lava Jato

Bretas diz que Moro é "excelente" nome para compor STF

Gabriela Hardt, João Pedro Gebran Neto e Marcelo Bretas na plateia do Congresso Nacional sobre Macrocriminalidade e Combate à Corrupção no Teatro Positivo em Curitiba (PR) - EDUARDO MATYSIAK/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Gabriela Hardt, João Pedro Gebran Neto e Marcelo Bretas na plateia do Congresso Nacional sobre Macrocriminalidade e Combate à Corrupção no Teatro Positivo em Curitiba (PR) Imagem: EDUARDO MATYSIAK/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Vinicius Konchinski

Colaboração para o UOL, em Curitiba

13/05/2019 18h18Atualizada em 13/05/2019 18h56

O juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelo julgamento dos processos da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, afirmou hoje que seu ex-colega Sergio Moro, atual ministro da Justiça, é um excelente nome para ocupar uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal).

"Ele foi um excelente juiz, é um excelente ministro, parece que goza da confiança do presidente, então é uma excelente escolha", afirmou Bretas, em Curitiba.

Bretas falou sobre a possível indicação de Moro um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro ter afirmado que o ex-juiz federal será indicado para ocupar uma vaga no STF assim que uma posição for aberta. A expectativa é que essa vaga surja com no ano que vem, quando o decano da Corte, ministro Celso de Mello, deve se aposentar.

Bolsonaro falou sobre a indicação de Moro ao STF em entrevista à rádio Bandeirantes. "A primeira vaga que tiver, eu tenho esse compromisso com o Moro [de indicá-lo]", disse Bolsonaro. "Fiz um compromisso com ele porque ele abriu mão de 22 anos de magistratura."

Moro evitou citar o STF numa palestra que deu em Curitiba nesta manhã. A palestra, aliás, ocorreu no mesmo evento em que Bretas falou com jornalistas. Na sua palestra, Moro disse que não assumiu o ministério pensando em ir ao STF.

"Não estabeleci nenhuma condição aceitar o convite", afirmou Moro, em palestra realizada em Curitiba, nesta manhã. "Ele [Bolsonaro] foi eleito. Ele assumiu o convite publicamente [para que eu assumiu o ministério]. Eu fui até a casa dele no Rio de Janeiro. Nós conversamos e eu não estabeleci nenhuma condição. O que falei com o presidente é que quero sobre trabalhar contra a corrupção, crime organizado e crime violento. Houve uma convergência de pautas.

Bretas também foi questionado sobre a possibilidade de ele assumir o ministério caso Moro deixe a pasta. Disse que é juiz e não fará prognóstico para o futuro. Ressaltou que não está postulando nada nem tem ambições políticas.

Bretas encontrou com Moro em Curitiba nesta segunda-feira. Ele relatou que os dois conversaram, mas não chegaram a falar sobre o STF.

O juiz federal do Rio de Janeiro afirmou também que a chegada de Moro ao ministério foi boa. A própria Operação Lava Jato, à qual os dois estão vinculados, "subiu de nível" depois que Moro foi ao governo, de acordo com Bretas.

A Justiça Federal, da qual Moro se desligou, também não foi prejudicada. "Existe um outro juiz que está fazendo seu trabalho", afirmou Bretas, lembrando que a Lava Jato não deveria estar tão ligada a um magistrado específico. "É necessário que outros juízes se apresentem para esses casos mais espinhosos. Não tem que centralizar em mim ou nele [Moro]."

Lava Jato é isonômica

Bretas foi a Curitiba participar de um congresso promovido pela Esmafe-PR (Escola de Magistratura Federal do Paraná) e pela Ajufe (Associação dos Juízes Federais). Lá, ele disse que a Lava Jato mudou padrões da Justiça e a tornou mais isonômica, tratando de forma igual ricos e pobres. "Nós estamos num processo positivo", disse ele, defendendo a operação.

Ele falou que críticas à operação são normais. Ele afirmou, entretanto, que há pessoas sendo pagas para falar mal da operação. Não citou quem são elas. "Nós estamos sujeitos a criticas e contestações do nosso trabalho. Isso é normal. O que não é normal é advogados falarem na 'abobrinhas' na imprensa e discutir processos nos jornais", reclamou.

O juiz evitou comentar a decisão na qual determinou a prisão do ex-presidente Michel Temer. Só explicou que procurou dar ao ex-presidente um tratamento parecido com o dado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula a Silva, preso na sede da PF (Polícia Federal) em Curitiba.

Por isso, Bretas determinou que ele ficasse preso na Superintendência da PF no Rio de Janeiro. Hoje, a juíza federal juíza federal Caroline Figueiredo determinou que Temer fosse transferido a São Paulo. Bretas afirmou que o fato de Temer ser um preso sem condenação pode, sim, lhe render um tratamento diferente.

A juíza, por sua vez, foi questionada sobre jornalistas sobre a promessa do presidente Jair Bolsonaro de indicar Moro para o STF. Respondeu que, se fosse o presidente, o indicaria.

Ataques sexistas

Gabriela ainda fez uma palestra no evento da Esmafe-PR. Ao iniciar sua fala, ele revelou ser vítima de ataques sexistas em redes sociais.

"Recentemente eu compartilhei numa rede social, que eu mantenho privada, os xingamentos e as ameaças pelo simples desempenho de minha atividade", afirmou. "Foram diversos adjetivos que me foram imputados, e a maioria deles de conteúdo nitidamente sexista por que não são adjetivos usados para qualificar homens."

Hardt reforçou na sua palestra que juízes de todas as instâncias estão sujeitos a cometer erros já que são humanos. Afirmou, entretanto, que algumas críticas vão além do aceitável, principalmente no ambiente de divisão política existente no país hoje.

A juíza disse que, para superar essa divisão, a educação é fundamental. Defendeu, inclusive, o ensino em sociologia, filosofia e história, áreas cujos investimentos foram criticados por membros do governo federal.

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