Deltan reaparece, evita imprensa e diz que Lava Jato vai continuar
Mais de um mês após a divulgação dos primeiros diálogos de membros da Lava Jato, o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, reapareceu num evento público de celebração à investigação realizado em Curitiba.
Cercado por seguranças e blindado dos jornalistas, o procurador discursou para servidores da Justiça e colegas do MPF (Ministério Público Federal) e exaltou a "legalidade" da operação e defendeu sua continuidade.
"Neste momento em que se tenta personalizar e desacreditar o trabalho, nós reforçamos que este trabalho é de muitas instituições sólidas e de conquistas para a sociedade brasileira. Este trabalho é um trabalho de instituições e dentro das instituições", disse ele. "É um trabalho que vai continuar. Não vai parar."
Dallagnol falou por cerca de oito minutos. No auditório da Justiça Federal do Paraná, onde os processos da Lava Jato são julgados, assinou um termo de devolução de R$ 420 milhões recuperados pela operação à Petrobras, empresa lesada por crimes investigados pela força-tarefa.
Elogios
Dallagnol também elogiou o trabalho da Justiça Federal do Paraná em seu discurso. Não citou o ex-juiz Sergio Moro, que julgou boa parte dos réus da operação, mas disse que essa seção da Justiça "profere decisões que protegem o direito dos investigados e ao mesmo tempo protegem o direito da sociedade".
O chefe da força-tarefa ainda elogiou o trabalho da Polícia Federal, Receita Federal e outros órgãos de Estado envolvidos na Lava Jato. Por fim, homenageou os 63 servidores do MPF que atuam na operação. Entre eles, oito procuradores da República que integram a força-tarefa e que estiveram no evento desta tarde.
Ao menos três desses procuradores, Roberson Pozzobon, Julio Noronha e Laura Tessler, também tiveram suas conversas divulgadas pelo The Intercept Brasil. Nenhum deles atendeu a jornalistas. Todos posaram para fotos com autoridades presentes.
"Heróis nacionais"
Essas autoridades também elogiaram a Lava Jato. O presidente da Petrobras, Roberto Castelo Branco, chamou os integrantes da operação de "heróis nacionais".
"Um dos motivos que me trouxe aqui é demonstrar meu apoio como cidadão e da empresa que dirijo aos componentes da força-tarefa no momento em que estão atacados por uma organização criminosa que tenta denegrir a sua imagem para obter a libertação de criminosos", afirmou o executivo.
Castelo Branco disse que a Lava Jato evitou que a Petrobras se tornasse a PDVSA, petroleira estatal da Venezuela, a qual ele disse ter sido "destruída pela corrupção".
A subprocuradora-geral da República, Maria Iraneide Facchini, disse que a Lava Jato é um "orgulho para o Brasil". Já o ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Wagner do Rosário, afirmou que a operação é um exemplo de ação bem coordenada.
Recuperação bilionária
Com a devolução de R$ 420 milhões à Petrobras nesta quinta-feira, a Lava Jato já devolveu mais de R$ 3 bilhões à estatal. Os recursos foram recuperados pela operação por meios de acordos com empresas que assumiram ilegalidades ou por meio de pagamentos de réus.
Ao todo, a Lava Jato no Paraná devolveu R$ 3,8 bilhões recuperados. Além dos recursos destinados à Petrobras, R$ 416 milhões foram para a União, R$ 350 milhões viraram descontos em pedágios no Paraná e outros R$ 59 milhões foram transferidos para a Justiça de Goiás, referentes ao caso Valec/Engenharia.
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