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Operação Lava Jato

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Há receio de fragilização no processo da Lava Jato, diz Cármen Lúcia

Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

30/10/2019 11h09

A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal), Cármen Lúcia, admitiu hoje em São Paulo que a sociedade tem receio de uma possível fragilização da Operação Lava Jato, "esse processo que era de combate à corrupção". A declaração foi feita durante evento do jornal "O Estado de S. Paulo".

Cármen Lúcia comentou a "desconfiança" do brasileiro em relação ao combate da corrupção. "Por que essa desconfiança que permita todos os brasileiros? Há um inegável temor (?) com a denúncia e combate formal [à corrupção]. Eu cresci que na decida de 1960 em que era comum dizer que se rouba mas faz."

A ministra citou o combate à corrupção a partir da Constituição de 1988. Ela lembrou do impeachment de Fernando Collor de Melo, a CPI dos Anões do Orçamento, em seguida até o julgamento do mensalão, já na década seguinte.

"Após o julgamento do mensalão, imaginava-se que tivéssemos aprendido alguma coisa. Veio a Lava Jato [?] Todos assistimos petrificados de horror às malas de dinheiro expostas por políticos", afirmou.

Para Carmen Lúcia, a própria operação Lava Jato está sob suspeição por parte da sociedade. "Aí vem uma serie de medidas que, como é técnico e não é bem explicado, conduz a um receio de que haja uma fragilização nesse processo que era de combate a corrupção", disse.

A ministra considera "razoável que a população entenda isso, mas é péssimo a nós servidores porque fragiliza as instituições".

"A democracia é como o amor"

"A democracia, a ética, vive de valores. A corrupção se junta por interesses. A luta é desigual. Quem se afina ao outro por valores morais, ideais, claro que tem mais chance de não fazer concessões, mas a democracia é como o amor: vc tem de cuidar todo dia porque se não molhar a planta, vira erva daninha no dia seguinte."

Carmen Lúcia criticou ainda a personalização de autoridades, consideradas salvadoras da pátria. "O Brasil não tem que ter a cara de ninguém que ocupe o Supremo, o Executivo (?) Não quero meu aluno de direito fure file na cantina porque quando ele virar juiz, vai furar fila nos processos."

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