Procuradores da Lava Jato em SP renunciam por divergência com procuradora
Sete integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo assinaram ofício ao procurador-geral da República Augusto Aras solicitando seus desligamentos da operação até o final de setembro. A medida foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo. Uma das signatárias é Janice Ascari, a coordenadora do grupo.
No documento, são citadas diversas ocasiões em que teriam ocorrido "incompatibilidades insolúveis" com a atuação da procuradora Viviane de Oliveira Martinzes, que não é parte da força tarefa. Eles citam que as razões teriam sido elaboradas para a Corregedoria-Geral do Ministério Público Federal em uma sindicância interna.
"A situação (...) tornou-se insustentável a partir do momento em que a Procuradora da República Viviane, intensificando sua postura de desmonte do acervo da Força-Tarefa, passou a decidir unilateralmente, sem debater com estes signatários, ou mesmo sequer sem comunicá-los, declinando feitos e trabalhando em várias vias por suas redistribuições.", diz o texto.
O ofício é assinado também por Guilherme Rocha Göpfert, Thiago Lacerda Nobre, Paloma Alves Ramos, Marília Soares Ferreira, Paulo Sérgio Ferreira Filho e Yuri Corrêa da Luz.
A saída dos procuradores do braço paulista da operação ocorre em meio a reveses da Lava Jato bandeirante em investigações que miram o senador José Serra (PSDB). Na semana passada, o ministro Gilmar Mendes ampliou liminar concedida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, e suspendeu a ação penal que mira o tucano por suposta lavagem de propinas pagas pela Odebrecht.
A denúncia contra o tucano havia sido aceita em julho pelo Diego Paes Moreira, da 6ª Vara Criminal de São Paulo, uma hora depois de Toffoli suspender "toda a investigação" contra Serra. Por "cautela", o magistrado decidiu suspender a ação penal até novo entendimento do STF sobre o caso — Gilmar ampliou a medida, aplicando o entendimento que a liminar deve alcançar as investigações em vigor e também a ação penal.
No ofício, os procuradores afirmam que a força tarefa "ainda tinha muito a produzir" e citam "corrupção em grandes obras, como em diversas linhas do Metrô de SP e nos trechos Sul e Norte do Rodoanel", além de esquemas de lavagem de dinheiro.
Dúvidas sobre a Lava Jato
O pedido acontece um dia após o coordenador da Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, anunciar sua saída para dedicar-se ao tratamento médico da filha. Dallagnol enfrenta hoje pressões contra sua atuação na Lava Jato. O CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) tem processos contra ele à espera de julgamento. Caso seja condenado, ele poderia ser afastado compulsoriamente da força-tarefa.
A força-tarefa em seu modelo atual está atualmente em discussão na PGR (Procuradoria-Geral da República). Até o dia 9 de setembro, o procurador-geral Augusto Aras precisa decidir se prorroga o trabalho do grupo ou até mesmo se vai extingui-lo. A Lava Jato enviou um ofício à PGR na semana passada solicitando sua prorrogação.
*Com informações da Agência Estado
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.