Topo

Operação Lava Jato

Esse conteúdo é antigo

Novo chefe da Lava Jato nega acordo em saída de Dallagnol

"É algo absolutamente deslocado da realidade", disse Alessandro Oliveira - Reprodução
"É algo absolutamente deslocado da realidade", disse Alessandro Oliveira Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL, em São Paulo

02/09/2020 22h12

O procurador Alessandro Oliveira, substituto de Deltan Dallagnol na coordenação da operação Lava Jato em Curitiba (PR), afastou rumores de que houvesse qualquer acordo ou interferência do procurador-geral da República, Augusto Aras, na saída de Dallagnol do comando da força-tarefa, em troca de não ser punido em processos que enfrenta no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

"É algo absolutamente deslocado da realidade. O processo de permuta dura de 24 a 48 horas. Foi aberto o procedimento e eu me manifestei. O procurador-geral da República somente tomou conhecimento dessa troca quando o procedimento estava praticamente definido e foi submetido à homologação dele, um simples ato administrativo. Pela estrutura que temos no Ministério Público, ele não faria nenhum tipo de interferência e nem o fez. Se tivesse feito, tanto eu quanto o Deltan não teríamos aceitado", explicou à Rádio Jovem Pan.

O novo coordenador também comentou sobre a prorrogação dos trabalhos da Lava Jato, que expiraria em 10 de setembro e foi estendido por mais um ano pela subprocuradora Maria Caetana Cintra dos Santos. Para ele, foi uma "decisão acertada", pois existem muitas atividades a serem executadas e ressaltou que pretende ampliar a estrutura e os integrantes da operação.

"Há aquele difícil equilíbrio entre o que é o mínimo necessário e as condições que podem ser oferecidas, ainda mais em um ano com severas restrições orçamentárias como este que estamos vivendo. Mas agora há tarefas, atividades ainda a serem descobertas e investigadas, temos material suficiente para muitas operações Lava Jato e para uma ampliação ainda maior de integrantes", pontuou.

Questionado sobre as declarações de Augusto Aras do "punitivismo" do Ministério Público e a necessidade de corrigir rumos para que o "Lavajatismo" não perdure, Oliveira disse que não tem conhecimento do contexto que o procurador-geral utilizou as expressões.

"O direito penal admite às vezes algumas interpretações a favor ou menos, um certo caráter expansivo dessa punição. Me deslocando um pouco da eventual fala do procurador, posso afirmar o meu apoio quase que irrestrito à Lava Jato, sou um admirador desde os seus primórdios, tanto que essa oportunidade de integrar a força-tarefa foi imediatamente aceita por mim", relatou.

E acrescentou: "Eventuais arestas a serem aparadas, eventuais pequenas correções de rumos a serem feitas são naturais. Não que sejam mudanças na essência, mas que decorrem de qualquer instituição que pretende ter o seu aperfeiçoamento nesse sistema de autocorreção"

Sergio Moro

Sobre o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) da suspensão do ex-juiz Sergio Moro no caso do triplex do Guarujá do ex-presidente Lula, o procurador disse que é difícil avaliar um caso que já está judicializado, porém afirmou que Moro sempre teve uma "postura estritamente profissional".

"Desconheço os fatos que estão colocados nesse processo, mas não tenho dúvida em afirmar, até por ter tido oportunidade de trabalhar com Moro em vários processos e operações, que sempre vi nele uma postura absolutamente neutra e imparcial [...] Sempre foram decisões pautadas na melhor técnica e conhecimento. Em diversos processos que atuei com Moro não houve uma vírgula qualquer de parcialidade", finalizou

Operação Lava Jato