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Operação Lava Jato

Paulo Preto e Aloysio Nunes são alvos de nova fase da Lava Jato

Paulo Preto (à esq.) e Aloysio Nunes - Robson Fernandes/Estadão Conteúdo e Fátima Meira/Futura Press/Folhapress
Paulo Preto (à esq.) e Aloysio Nunes Imagem: Robson Fernandes/Estadão Conteúdo e Fátima Meira/Futura Press/Folhapress

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

19/02/2019 08h13Atualizada em 19/02/2019 11h54

O ex-senador e ex-ministro das Relações Exteriores do governo Michel Temer, Aloysio Nunes (PSDB), e o ex-diretor da Dersa apontado como operador financeiro do PSDB, Paulo Vieira de Souza (conhecido como Paulo Preto), são alvos da 60ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na manhã de hoje.

Paulo Preto foi preso, ele é alvo do único mandado de prisão preventiva da operação. Já Nunes é alvo apenas de mandados de busca em apreensão. Agentes da Polícia Federal e do MPF (Ministério Público Federal) cumprem, ao todo, 12 mandados de busca em diversos endereços ligados aos dois. 

Atualmente, Nunes é presidente da Investe SP, agência paulista de promoção de investimentos do governo João Doria (PSDB). 

Segundo a PF, 46 policiais atuam em endereços nas cidades de São Paulo, São José do Rio Preto, Guarujá e Ubatuba, todas no estado de São Paulo.

Os mandados foram expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), responsável pela operação Lava Jato. Foi determinado ainda o bloqueio de ativos financeiros dos investigados, por ordem judicial.

Paulo Preto será conduzido à Superintendência da Polícia Federal, no Paraná, onde será investigado. Para justificar o pedido de prisão dele, o MPF afirma haver "risco significativo e iminente (...) para a ordem pública e para a aplicação da lei penal", sendo a prisão preventiva do operador financeiro " imprescindível".

"De fato, sua custódia é necessária em razão da gravidade concreta dos crimes de lavagem de dinheiro relacionado à corrupção, que envolveram mais de uma centena de milhões de reais, da reiteração e habitualidade na prática de crimes por mais de uma década, na atualidade da lavagem de dinheiro e na sua atuação deliberada para impedir o bloqueio e confisco de valores ilícitos", diz o órgão em nota. 

O esquema

Com a 60º fase da Lava Jato, denominada de Ad Infinitum, a força-tarefa aprofunda as investigações sobre um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o setor de propinas da Odebrecht e operadores financeiros com o objetivo de abastecer campanhas eleitorais e pagar propina para agentes públicos. 

Segundo o MPF, as transações investigadas superam R$ 130 milhões, que correspondiam ao saldo de contas controladas por Paulo Preto na Suíça verificados no início de 2017 pela investigação. 

Segundo as investigações, em uma dessas contas foi solicitada a emissão de um cartão de crédito em nome de Aloysio Nunes. De acordo com o MPF, o banco foi orientado a enviar o cartão para um hotel em Barcelona, na Espanha, onde Nunes estava hospedado entre os dias 24 e 29 de dezembro de 2007.

Aloysio Nunes disse que não sabe porque está sendo investigado e que não recebeu o cartão de crédito citado nas investigações. "Estou em busca do que existe nesse inquérito. O delegado que conduziu a diligência não pode me dizer, porque o inquérito está em segredo, então estou buscando saber o que que há", disse à Folha de S. Paulo, antes de uma palestra no Instituto FHC, em São Paulo.

Paulo Preto transferiu dinheiro para evitar bloqueio, diz MPF

O MPF afirma ainda que, em dezembro de 2016, as investigações verificaram a existência de cerca de US$ 34 milhões na Suíça em contas vinculadas a Paulo Preto, descobertas por meio da cooperação entre os dois países.

"Logo em seguida, no primeiro trimestre de 2017, Paulo Preto encerrou as contas suíças e remeteu os recursos para Bahamas, impedindo assim um iminente bloqueio de valores que são fruto de atividade criminosa", explica o órgão em nota. Foi no primeiro trimestre de 2017 que os acordos de colaboração da Odebrecht foram tornados públicos. 

As investigações da Ad Infinitum sobre as operações de Paulo Preto, no entanto, não têm a ver com esquemas ilícitos que teriam sido praticados por ele enquanto atuava como diretor da Dersa (estatal paulista de rodovias). 

Paulo Preto já é réu na Lava Jato em SP

O operador tucano é réu na Lava Jato Paulista acusado de peculato (desvio de dinheiro público), inserção de dados falsos em sistema de informação e formação de quadrilha.

O MPF já pediu à Justiça Federal de São Paulo que ele seja condenado a 80 anos de prisão, ou "em patamar próximo ou equivalente ao máximo" porque, para os procuradores, ele é o chefe do suposto esquema de desvios de verbas.

O ex-diretor da Dersa cumpre desde setembro do ano passado prisão domiciliar por decisão da 2ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), após ser posto em liberdade por duas vezes pelo ministro Gilmar Mendes. 

Lava Jato em SP pede 80 anos de prisão para Paulo Preto

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