O que se sabe sobre a morte de Marielle?
A vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados a tiros, no centro do Rio, em 14 de março do ano passado. Desde então, entre idas e vindas, investigações estaduais e federais tentam esclarecer quem executou e quem determinou o crime.
Ontem, reportagem da TV Globo divulgou uma menção nominal ao presidente no inquérito do duplo homicídio. O presidente negou qualquer envolvimento no crime. Confira, abaixo, tudo o que se sabe sobre as investigações do caso Marielle até o momento:
Quem matou Marielle?
Dias antes de o assassinato de Marielle e Anderson completar um ano, a polícia prendeu o policial militar aposentado Ronnie Lessa, acusado de atirar no carro em que estava a vereadora, e o ex-policial militar Élcio Queiroz, tido como o homem que conduzia o automóvel usado no atentado. Os dois negam a participação no crime.
Quem mandou matar Marielle?
Segundo as investigações da PGR (Procuradoria-Geral da República), o crime foi encomendado por Domingos Brazão, integrante de clã político carioca. O preço: R$ 500 mil. Ele nega.
Quem mais é suspeito de participar do crime?
Denúncia da PGR traz um registro de conversa telefônica entre o vereador Sicilliano e o miliciano Jorge Alberto Moreth, o Beto Bomba, em que Moreth afirma que Brazão encomendou a morte de Marielle por R$ 500 mil, e o crime teria sido executado por matadores ligados ao Escritório do Crime, grupo que reúne assassinos de aluguel, e não por Lessa e Queiroz.
Qual a relação dos acusados com a família de Bolsonaro?
Ronnie Lessa mora no mesmo condomínio do presidente da República e de seu filho Carlos Bolsonaro, na Barra da Tijuca. É vizinho de rua do presidente.
Além disso, o delegado Giniton Lages, da Delegacia de Homicídios -que fora afastado das investigações- afirmou que a filha de Lessa namorou o filho mais novo de Bolsonaro.
Como a investigação chegou ao nome de Jair Bolsonaro?
Reportagem da TV Globo, publicada ontem, divulgou uma menção nominal ao presidente no inquérito do duplo homicídio da vereadora e do motorista dela.
No dia 14 março de 2018, horas antes do crime, Élcio Queiroz anunciou na portaria do condomínio que iria visitar Jair Bolsonaro, segundo depoimento de um porteiro.
O trabalhador afirmou que ligou para a casa 58, de Bolsonaro. E que uma pessoa, que ele identificou como sendo "seu Jair", liberou a entrada. O suspeito, no entanto, foi até a casa 66, onde mora Ronnie Lessa.
De acordo com a reportagem, o porteiro, então, telefonou novamente, e o mesmo "seu Jair" teria dito que sabia para onde ele estava indo
O presidente negou qualquer envolvimento no caso Marielle. No dia da visita, Bolsonaro estava em Brasília e não em sua casa no Rio de Janeiro.
Com isso, o STF vai apurar relação com o presidente?
Sim. A citação a Bolsonaro pode levar a investigação da morte de Marielle ao Supremo Tribunal Federal pelo fato de o presidente ter foro privilegiado.
Representantes do MP que investigam o caso foram até Brasília no último dia 17 de outubro para consultar o ministro Dias Toffoli, presidente da Corte, se poderiam continuar com a investigação. No entanto, não obtiveram respostas.
A PGR (Procuradoria Geral da República) investiga?
Reagindo a suspeitas de que o caso estaria contaminado, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, acionou a Polícia Federal para conduzir uma "investigação da investigação", colocando uma lupa no trabalho da Delegacia de Homicídios.
Em sua denúncia após as investigações paralelas da PF, a então PGR Raquel Dodge afirmou que Domingos Brazão arquitetou a morte da vereadora e também o esquema de obstrução. A PGR pediu também que o caso fosse analisado pela Justiça Federal, e não do Rio de Janeiro.
O atual procurador, Augusto Aras, afirmou que o caso a ligação é um factoide, que Bolsonaro foi vítima de um crime e que o caso foi arquivado.
O trabalho da Delegacia de Homicídios teve erros?
Apurações indicam que o trabalho da Polícia Civil fora contaminado, e a delegacia é apontada como receptora de propinas. Pressão pública cresce à medida em que se aproxima um ano após o crime.
O que aconteceu com as armas do crime?
Na casa de Alexandre Souza, amigo de Lessa, a Polícia Civil faz a maior apreensão de fuzis da história do Rio, achando um arsenal de armas desmontadas. Suspeita-se que parte desse armamento foi utilizado na morte de Marielle. Também há suspeita de que a arma tenha sido jogada ao mar.
Alguém tentou obstruir a investigação?
O conselheiro afastado do TCE-RJ, por meio de seu assessor de gabinete, Gilberto Ribeiro da Costa, coopta o policial Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, para forjar um depoimento e afastar suspeitas do real mandante do crime.
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