Viúva de Marielle pede que Bolsonaro 'não se meta' nas investigações
Mônica Benício, viúva da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), pediu que o presidente Jair Bolsonaro "não se meta" nas investigações sobre o crime. Além da vereadora, o motorista Anderson Gomes também foi morto em março de 2018, no Rio de Janeiro.
"Não cabe ao presidente da República investigar absolutamente nada. A declaração que ele fez sobre ter tido acesso a áudios, a provas, faz com que isso tenha que ser olhado com muita seriedade", falou Mônica à coluna de Guilherme Amado, da revista Época.
No sábado, Bolsonaro disse ter pegado os áudios da portaria do condomínio onde morava, no Rio, para evitar que eles fossem adulterados. Diante da reação negativa da oposição, que o acusa de obstruir as investigações, deu outra versão. "O que eu fiz foi filmar a secretária eletrônica com a respectiva voz de quem atendeu o telefone. Só isso, mais nada."
Questionada se acredita na tese do Ministério Público do Rio de Janeiro, que afirmou que o porteiro do condomínio mentiu ao citar o presidente em seu depoimento, Mônica disse não ter ainda uma resposta "convincente" sobre o caso.
"Falta uma perícia séria que mostre minuciosamente tudo isso, se mentiu, se não mentiu. O que não pode é que pessoas não habilitadas a fazer essa investigação se intrometam no processo. Isso é inadmissível."
Ela também relatou o encontro que teve há três semanas com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Nele, pediu que Moro se manifestasse publicamente para dizer que o país está comprometido com a elucidação do caso e que não houvesse federalização das investigações.
"Mas o ministro só se manifestou, e muito rapidamente, quando o nome do presidente foi mencionado na investigação, para sair em sua defesa. Ele age de uma forma inadequada para um ministro. Afinal de contas, ele não é advogado do Bolsonaro", disse.
Mônica também comentou o afastamento voluntário da promotora Carmen Eliza Bastos, cuja atuação no caso passou a ser questionada após o ressurgimento de imagens da época da eleição presidencial de 2018, quando apoiou Bolsonaro.
"Não tinha como ser isenta. Não era só a campanha para o Bolsonaro, mas também a homenagem que ganhou do deputado Rodrigo Amorim, que rasgou a placa da Marielle e sempre demonstrou um profundo desrespeito e desprezo pela memória da Marielle", comentou.
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