MPF: Prisão de Temer e suspeitos ajudou a reunir provas e evitar obstrução
A força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro apresentou hoje duas denúncias contra o ex-presidente Michel Temer (MDB) e outras 13 pessoas por crimes como lavagem de dinheiro, corrupção e peculato. Ao explicarem as peças criminais, os procuradores do MPF-RJ (Ministério Público Federal do Rio de Janeiro) defenderam a prisão dos investigados realizada na semana passada e afirmaram que as detenções foram fundamentais para o recolhimento de novos dados contra os investigados.
A procuradoria afirmou que as apreensões de notebooks e aparelhos celulares dos acusados e seus familiares podem trazer novas provas de ocorrência de crime às investigações. Disse ainda que foi possível evitar uma tentativa de obstrução do trabalho.
"Naquele momento foi pedida prisão cautelar, busca e apreensão nos locais. Para fazer esses pedidos é necessário fundamentá-los", afirmou o procurador da República Daniel El Hage.
"As provas não se baseiam somente em acordos de colaboração premiada ou depoimentos. Temos quebras de sigilos bancários que mostram depósitos feitos para receptores finais de propina, registros telefônicos, e emails incorporados às investigações. Também encontramos documentos físicos, como planilhas, que indicavam pagamento de propina", explicou ele.
O procurador Almir Teubi ressaltou as tentativas de ocultação de provas durante o cumprimento dos mandados de prisão e disse que materiais apreendidos ali podem trazer novos elementos à investigação.
"O celular da ex primeira-dama Marcela Temer foi apreendido, sim, pois acreditava-se que o ex-presidente estava usando aquele celular para ocultar os contatos que vinha fazendo. O aparelho ainda não foi devolvido ainda", afirmou.
"No mesmo dia, o coronel João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, tentou esconder celulares durante a busca. Já o Vanderlei de Natale tentou ocultar provas, tentando esconder um notebook embaixo do sofá. Esses materiais seguem sob análise."
Procuradores rebatem críticas às prisões
Os procuradores da força-tarefa aproveitaram a entrevista concedida na sede do MPF no Rio de Janeiro para responder às críticas de juristas e políticos que alegaram falta de materialidade para as prisões preventivas e temporárias dos acusados.
Temer e outras nove pessoas foram presas no dia 21. Dois foram soltos no fim de semana. Os outros oito saíram na segunda-feira (25), por ordem do desembargador Antonio Ivan Athié, do TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região).
"Temos argumentos muito robustos para a manutenção das prisões. A procuradoria entrará com recurso no TRF-2. Hoje, mais duas denúncias são feitas contra o principal mandatário da nação até pouco tempo atrás", disse El Hage.
Essa prisão é muito devida. Ele [Temer] era para ter sido preso em flagrante no Palácio do Jaburu e não foi por obstáculos que o cargo que ocupava impõe
procurador da República Daniel El Hage
A defesa de Michel Temer chamou a entrevista coletiva dos procuradores hoje de "show de horrores". Segundo o advogado Eduardo Carnelós, que assina nota enviada à imprensa, as acusações contra o ex-presidente se sustentam "em suposições e na débil palavra de delatores". A defesa afirma ainda que as denúncias "não têm nenhum fundamento sério, e insistem em versões fantasiosas, como a de que Temer teria ingerência nos negócios realizados por empresa que nunca lhe pertenceu."
Denúncias
A força-tarefa da Lava Jato no MPF-RJ ofereceu hoje duas denúncias contra Michel Temer (MDB) e outros investigados pelo esquema de corrupção envolvendo a Eletronuclear e as obras na usina nuclear de Angra 3.
A primeira é pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro e inclui, entre outros denunciados, Moreira Franco. Leia aqui a íntegra. Já a segunda denúncia é pelos crimes de lavagem e peculato (desvio de dinheiro ou recursos públicos em benefício próprio). Leia aqui a íntegra.
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