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Operação Lava Jato

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Polícia Federal faz buscas em gabinete e imóveis de José Serra em SP e DF

Investigação está ligada à campanha de José Serra em 2014 - Edilson Rodrigues/Agência Senado
Investigação está ligada à campanha de José Serra em 2014 Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Fabio de Mello Castanho e Wanderley Preite Sobrinho*

Do UOL, em São Paulo

21/07/2020 07h20Atualizada em 21/07/2020 10h49

A campanha eleitoral do senador José Serra (PSDB) em 2014 é alvo de uma operação da PF (Polícia Federal) e do MPE (Ministério Público Eleitoral) nesta terça (21). As investigações apuram suspeitas de caixa dois, com doações irregulares para ocultar a origem ilícita. O esquema teria envolvido R$ 5 milhões, movimentados pela simulação de operações financeiras.

A Justiça Eleitoral expediu quatro mandados de prisão temporária e outros 15 de busca e apreensão. O gabinete e apartamento do senador em Brasília e imóveis ligados ao tucano em São Paulo são alvo de ações da PF. Há mandados cumpridos em Itatiba e Itu, no interior paulista. A polícia do Senado, porém, não está permitindo a entrada de agentes da PF no gabinete.

Por meio de nota, Serra disse que foi surpreendido com nova e abusiva operação de busca e apreensão em seus endereços, dois dos quais já haviam sido vasculhados há menos de 20 dias pela Polícia Federal". "A decisão da Justiça Eleitoral é baseada em fatos antigos e em investigação até então desconhecida do senador e de sua defesa, na qual, ressalte-se, José Serra jamais foi ouvido."

Serra diz que "a espetacularização que tem permeado ações deste tipo no país". O político defende-se dizendo que "jamais recebeu vantagens indevidas ao longo dos seus 40 anos de vida pública e sempre pautou sua carreira política na lisura e austeridade em relação aos gastos públicos". "Importante reforçar que todas as contas de sua campanha, sempre a cargo do partido, foram aprovadas pela Justiça Eleitoral".

Prisão

Um dos presos da operação é o fundador da Qualicorp, José Seripieri Filho. A prisão temporária tem duração de cinco dias, mas pode ser prorrogada. A Qualicorp é uma empresa da área de saúde.

Segundo a Promotoria, os pagamentos de doações eleitorais não contabilizadas teriam sido "efetuados supostamente a mando de acionista controlador de importante grupo empresarial do ramo da comercialização de planos de saúde", que seria Seripieri.

Procurada, a empresa diz que "a nova administração da empresa fará uma apuração completa dos fatos narrados nas notícias divulgadas na imprensa" e que está colaborando com as autoridades públicas competentes."

O advogado Celso Vilardi, que defende o empresário José Seripieri, irá se manifestar assim que tiver acesso aos autos, diz nota do defensor.

Outras empresas, no entanto, teriam participado do esquema. "Apurou-se ainda a existência de outros pagamentos, em quantias também elevadas e efetuados por grandes empresas, uma delas do setor de nutrição e outra do ramo da construção civil."

O dinheiro seria destinado "a uma das empresas supostamente utilizadas pelo então candidato para a ocultação das doações", diz a nota.

O nome da operação é Paralelo 23, terceira fase da Lava Jato junto à Justiça Eleitoral de São Paulo.

Serra já havia sido alvo da operação em 3 de julho, quando foi denunciado pelo MP por suspeita de lavagem de dinheiro. Na ocasião, a investigação mencionava uso do cargo como governador de São Paulo entre 2006 e 2007 para obter benefícios junto a empreiteiras.

Os investigados responderão por crimes de associação criminosa, falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro, com penas de três a dez anos de prisão. Por se tratar de um parlamentar em exercício de mandato no Senado, Serra só será investigado em primeira instância pelos fatos apurados em 2014.

Em nota, o PSDB paulista diz que "reitera sua confiança no senador José Serra, pautada nos mais de 40 anos de uma vida pública conduzida de forma proba e correta". "Mantemos nossa confiança no poder judiciário e no esclarecimento dos fatos", traz nota de Marco Vinholi, presidente do diretório estadual.

*Colaborou Luís Adorno, do UOL, em São Paulo

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