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Operação Lava Jato

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'Nunca dei dinheiro em troca de contrato', diz dono da Avianca Brasil

Germán Efromovich, um dos donos da Avianca Brasil - Reprodução/YouTube
Germán Efromovich, um dos donos da Avianca Brasil Imagem: Reprodução/YouTube

Do UOL, em São Paulo

19/08/2020 12h46

O empresário Germán Efromovich negou fraudes relativas à Transpetro após ser colocado em prisão domiciliar hoje, assim como ocorreu com o irmão, José Efromovich. Eles são os principais acionistas da Synergy Group e foram alvo da 72ª fase da Operação Lava Jato. Os investigadores apuram suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro em compra e venda de navios em contratos firmados pela subsidiária da Petrobras. A PF ainda cumpre seis mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos executivos e ao grupo.

"Não devo nada, nunca dei dinheiro em troca de contrato para político nenhum. Nem para executivo da Transpetro. Minhas contas são transparentes, podem olhar tudo. Nunca, nunca", disse Germán, em uma entrevista coletiva veiculada pela CNN Brasil. "Não existe [fraude], ganhamos aquele contrato numa licitação. Inclusive tenho uma ação contra a Transpetro, porque não cumpriram o contrato."

Ele adicionou: "Teve uma insinuação uma vez na revista Época, eu chamei a imprensa no Rio e mostrei até a delação premiada do Sergio Machado e falei: 'Onde dei dinheiro para executivo da Transpetro? De onde saiu dinheiro do estaleiro? Conseguiram mostrar o tanto que conseguiram quebrar com esse contrato. Tem dois navios de 1 bilhão de reais parados, quase prontos, que a Transpetro não quis pagar as mudanças. Nós entramos com uma ação na Justiça".

A investigação

De acordo com comunicado da força-tarefa, a investigação do MPF (Ministério Público Federal) é a respeito de crimes que teriam sido praticados no contexto de licitação e celebração de contratos firmados com o estaleiro EISA (Estaleiro Ilha S.A.) para a construção e fornecimento de navios.

A Transpetro teria tido prejuízo de R$ 611,2 milhões por causa dos contratos com o EISA —controlado pelo Synergy Group, ligado aos irmãos—, entre adiamentos, suspensão de dívidas, irregularidades nos acordos, entrega irregular de um navio Panamax e não entrega de outros três navios. O valor das propinas, segundo a força-tarefa, seria na ordem de R$ 40 milhões.

Donos da Avianca em prisão domiciliar

Os executivos presos hoje são Germán e José Efromovich, principais acionistas da Synergy Group, grupo que controlava o EISA e atua nos setores de aviação, produção de petróleo e gás e geração de energia. A holding também detém 100% da OceanAir Linhas Aéreas, a antiga Avianca Brasil - a companhia aérea, que teve a falência decretada em julho, não é investigada nesta ação.

As duas prisões preventivas foram substituídas pelo regime domiciliar, com monitoramento eletrônico, por causa dos riscos provenientes da pandemia do novo coronavírus.

Ao autorizar a prisão, a juíza Gabriela Hardt disse que "há fundados indicativos de possíveis atos de Germán e
José Efromovich no sentido de corromper agentes públicos e fraudar processos licitatórios da Transpetro, com a finalidade de conquistar contratos milionários em seu favor, os quais acarretaram prejuízos à estatal". "Em contrapartida, teria ocorrido pagamento de propinas no decorrer de anos", diz o despacho.

Denominada de "Navegar é preciso", a operação é realizada em Maceió, São Paulo, Niterói (RJ) e Rio de Janeiro após mandados judiciais expedidos pela 13ª Vara Federal em Curitiba.

A Justiça Federal também determinou o bloqueio de R$ 651.396.996,97 das pessoas físicas e jurídicas envolvidas e fixou outras medidas cautelares, como proibição de movimentar contas no exterior e proibição de contratar com o poder público.

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