Ex-integrante diz que fim da Lava Jato não encerra combate à corrupção
O procurador Januário Paludo, que integrou a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, disse não acreditar que o fim da operação signifique o fim do combate à corrupção. O MPF (Ministério Público Federal) anunciou ontem que desde 1º de fevereiro, a força-tarefa da Lava Jato no Paraná deixou de existir e que alguns integrantes dela farão parte do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) a partir de agora.
"Não acredito no fim do combate à corrupção. Ao contrário, a sociedade reclama e sempre reclamará pelo fim da corrupção. As instituições com esse encargo, longe de se dobrarem às circunstâncias do momento, se reciclam e renascem com maior aprendizado e mais fortes do que estavam antes. Existem retrocessos, é certo, mas também, foram construídas pontes para o futuro", avaliou ele, em entrevista ao jornal O Globo.
Apesar de enxergar o futuro como "incerto", o procurador, que atualmente atua em Porto Alegre e é membro da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão (Combate à Corrupção) do MPF, disse que "encerrou-se um ciclo sabidamente de sucesso no combate à corrupção, de resultados inquestionáveis, nunca antes alcançados".
Questionado se houve uma aposta no governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em relação ao combate à corrupção, Paludo disse acreditar "na vocação do MP (Ministério Público) no combate à corrupção, e não em um governo, que é transitório."
Ele também defendeu o modelo de forças-tarefas, citando como exemplo os Estados Unidos, que possuem esse modelo de organização de trabalho há mais de 20 anos. "Uma força-tarefa no modelo da Lava Jato somente produz resultados em termos de interesse público quando seus membros atuam com exclusividade e no local onde estão sendo investigados os fatos, mas nunca acumulando outras funções ou à distância", argumentou.
Paludo acredita que é possível que ações anticorrupção voltem a ter, a curto prazo, o mesmo impacto que teve a Lava Jato. "Existe uma natural tendência, especialmente entre os novos procuradores da República, de aproveitarem e aprenderem com as experiências pretéritas."
O procurador disse ainda esperar que, passado o período da pandemia do novo coronavírus, o Gaeco do Paraná consiga terminar o trabalho que vinha sendo realizado na Lava Jato.
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