"Lava Jato saiu da minha vida", diz Lula, sobre suspeição de Moro
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse hoje que a Lava Jato finalmente saiu de sua vida, após a maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) votar a favor da suspeição do ex-juiz Sérgio Moro no processo de suspeição pelo julgamento em que condenou Lula envolvendo um tríplex em Guarujá (SP).
"Estou muito tranquilo porque a Lava Jato saiu da minha vida. É o que eu queria [dizer] desde 2016, quando o meu advogado solicitou o primeiro habeas corpus. Então, hoje eu posso dizer que eu não tenho mais nada com a Lava Jato. Eu continuo dormindo tranquilo", disse Lula, em entrevista ao programa "É de Coisa", da Rádio Bandnews FM, apresentado pelo jornalista e colunista do UOL Reinaldo Azevedo.
Em seguida, Azevedo fez uma ressalva. "Mas presidente, só lembrando de todo modo que a Segunda Turma votou a suspeição do Moro, as provas foram todas anuladas. Agora vamos ver que decisão o Supremo toma, mas ali não há uma anulação de provas. Então, o processo pode ser retomado a qualquer momento".
No julgamento, os ministros restringiram a análise à atuação de Moro no caso do tríplex — sem discutir o caso do sítio de Atibaia (SP), no qual Lula foi condenado em Curitiba.
Procurado, na ocasião, o ex-juiz Moro não foi localizado para comentar a decisão. O Ministério Público do Paraná disse que não se pronunciaria. Já a defesa de de Lula disse esperar que a decisão sirva de guia para que todos tenham "direito a um julgamento justo, imparcial e independente".
Críticas a Bolsonaro
Lula também fez críticas ao governo de Bolsonaro em relação ao combate à pandemia da covid-19, e questionou quando ele assumiria a responsabilidade.
"Queria aproveitar a Bandeirantes para mandar um recado: Bolsonaro, quando é que você vai assumir a responsabilidade, parar de brincar e governar o país? Fecha a boca Bolsonaro. Deixa os médicos falar por você. Da mesma forma que você não sabe falar sobre economia, não fale sobre saúde. Deixa o pessoal do SUS, deixa o seu ministro falar, os governadores, os prefeitos", afirmou.
"Então, deixe de ser ignorante, presidente. Pare de brigar com a Ciência. Pare de falar para os seus milicianos, fale para 220 milhões de pessoas", acrescentou.
Queda de Dilma
Durante a entrevista, Lula também disse que se a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) não tivesse caído em 2016, quando sofreu o processo de impeachment, o Partido dos Trabalhadores iria governar o Brasil por 24 anos.
"O que derrubou mesmo, você sabe?! É que se a Dilma não caísse, o PT corria o risco de governar o Brasil por 24 anos", afirmou ele.
Dilma foi condenada no dia 31 de agosto de 2016 pelo Senado no processo de impeachment por ter cometido crimes de responsabilidade na condução financeira do governo. O impeachment foi aprovado por 61 votos a favor e 20 contra.
Criador do termo "petralha"
Crítico do PT, Reinaldo Azevedo foi o criador do termo jocoso "petralha", um trocadilho que mistura as palavras "petista" e "metralha", numa alusão aos Irmãos Metralha, quadrilha que tinha como objetivo assaltar o cofre do tio Patinhas.
O jornalista escreveu inclusive o livro com título "O País dos Petralhas" (ed. Record, 338 págs), com "críticas ácidas à sociedade brasileira", principalmente durante o período do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em 2015, quando ainda assinava um blog na revista "Veja", Azevedo declarou: "Uma palavra incomoda. Sou alvo do ódio eterno da companheirada. Uma coisa pegou. Fugiu ao meu controle. Nem tanto porque eu seja influente, mas porque o petralhismo tem se tornado um norte moral da cambada."
Nesta quinta-feira, Lula iniciou a conversa com Azevedo citando o questionamento de muitas pessoas sobre a entrevista. "Eu disse 'não vou para uma guerra. Eu vou para uma entrevista", minimizou.
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