Prisão de Pezão foi necessária pois crimes estavam em curso, diz Dodge
- Governador do Rio, Pezão foi preso nesta quinta em operação da PF
- Vice, Francisco Dornelles assume o governo do Rio
- Para PGR, há indícios de que Pezão recebeu propina durante governo
- Pezão ficará detido em sala especial da prisão da PM em Niterói
- Futuro governador, Witzel diz que prisão não afetará transição
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou nesta quinta-feira (29) que a prisão do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), foi necessária pois a investigação apontou que o esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo político ainda estava em curso.
Segundo Dodge, que fez o pedido de prisão, a maior facilidade de ocupantes de cargos públicos para ocultar os bens de origem ilícita também pesou na decisão. O mandato de Pezão termina este ano.
"O que se percebe é que um dos crimes em curso é o crime de organização criminosa e as informações coligidas pela autoridade policial, pela força tarefa da Lava Jato no Rio e em Brasília são no sentido de que essa organização criminosa continua atuando, especialmente em relação à lavagem de dinheiro", disse a procuradora.
"A lavagem de dinheiro é o crime que se pratica após o crime de corrupção e que consiste em ocultar ou dissimular onde o dinheiro desviado está. Isso, pelas informações reunidas nessas investigações, continua a ser feito", afirmou Dodge.
O mandado de prisão foi expedido pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), sob a relatoria do ministro Félix Fischer. Como a prisão é preventiva, Pezão deve ficar detido por tempo indeterminado. Ele é investigado pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção.
De acordo com as investigações, Pezão teria recebido mais de R$ 25 milhões (R$ 39,1 milhões em valores atualizados) entre 2007 e 2015.
Dodge concedeu entrevista coletiva a jornalistas na manhã desta quinta-feira. A procuradora disse que não poderia dar detalhes sobre as suspeitas pois o processo está sob sigilo judicial.
Para a procuradora, a prisão dos investigados é importante para facilitar a recuperação aos cofres públicos dos valores desviados.
"O dinheiro desviado por atos de corrupção e escondido por atos de lavagem de dinheiro precisa retornar aos cofres públicos, porque esse é um dinheiro oriundo de impostos cobrados da população. E é por essa razão que crimes dessa natureza são extremamente graves", disse Dodge.
A procuradora afirmou ainda que há indícios de que Pezão teria assumido a liderança do esquema de corrupção no governo do Rio, originado ainda na gestão de Sérgio Cabral (MDB), ex-governador que comandou o estado de 2007 a 2014. Cabral está preso desde 2016.
"Há indícios de que Pezão recebeu propina após assumir"
Segundo o procurador regional da República Leonardo de Freitas, as investigações reuniram indícios de que Pezão continuou a receber propina de empresas investigadas no esquema após assumir o governo do estado, em 2014.
"É possível dizer que a gente tem elementos que [mostram que] os pagamentos continuavam mesmo após o senhor Luiz Fernando Pezão ter assumido o governo do Estado do Rio de Janeiro", afirmou na entrevista.
De acordo com Freitas, depoimentos de delatores na investigação apontam que a propina recebida por Pezão teria principalmente duas fontes, uma "mesada" recebida quando ele ainda era vice-governador de Cabral e pagamentos ilícitos de empresas de transporte público
Quarto governador preso no Rio
Pezão foi preso por volta das 6h desta quinta-feira dentro do Palácio das Laranjeiras, sede do governo fluminense. Ao todo, foram expedidos nove mandados de prisão preventiva.
Ele é o quarto governador do Rio de Janeiro preso e o primeiro em cumprimento do mandato --Cabral e o casal Anthony e Rosinha Garotinho são os outros três. Também foram detidos, anteriormente, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani (MDB), e vários parlamentares da Casa.
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