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Operação Lava Jato

Procurado pela Lava Jato, Arthur Soares é libertado nos EUA

O empresário Arthur Soares, conhecido como Rei Arthur - Reprodução/Globonews
O empresário Arthur Soares, conhecido como Rei Arthur Imagem: Reprodução/Globonews

Igor Mello

Do UOL, no Rio

25/10/2019 20h52

Resumo da notícia

  • O empresário Arthur Soares foi detido em Miami e liberado horas depois
  • Advogado diz que ele foi detido por não portar documentação necessária para renovar visto
  • A defesa nega que a detenção tenha relação com as acusações da Lava Jato

Acusado de comprar votos de conselheiros do COI (Comitê Olímpico Internacional) para que o Rio de Janeiro fosse a sede da Olimpíada de 2016, o empresário Arthur Soares Filho, conhecido como Rei Arthur, foi liberado por autoridades americanas horas depois de ser detido em Miami (EUA). Alvo da força-tarefa da Lava Jato no Rio, ele é considerado foragido desde 2017 e está na lista de difusão vermelha da Interpol.

A libertação do empresário foi confirmada por Nythalmar Filho, seu advogado no Brasil. Segundo ele, Arthur Soares já está em casa.

Segundo Nythalmar Filho, o empresário foi detido por não portar a documentação necessária para renovação de visto de permanência nos Estados Unidos. Sua defesa nega que a detenção tenha qualquer relação com as acusações no âmbito da Lava Jato.

Em 2017, o juiz Marcelo Bretas autorizou um pedido de extradição do empresário. Durante a tarde de hoje, o MPF (Ministério Público Federal) informou que ainda não havia sido comunicado oficialmente da prisão pelas autoridades internacionais. No entanto, destacou que "os procuradores da Lava Jato no Rio de Janeiro esperam que sejam cumpridos os pedidos já formalizados às autoridades americanas a fim de dar prosseguimento ao processo".

Suborno olímpico

Em julho, Cabral declarou em depoimento ao juiz Marcelo Bretas ter intermediado a compra de votos de membros do COI (Comitê Olímpico Internacional) para que o Rio sediasse a Olimpíada de 2016 —segundo o ex-governador, o dinheiro empregado (US$ 2 milhões) pertencia a Soares.

De acordo com o ex-governador, nove dos 95 membros votantes foram comprados. O depósito teria sido feito no exterior, em 2008, por Arthur Soares ao presidente da Federação Internacional de Atletismo, Lamine Diack, que distribuiria o dinheiro aos membros comprados. Cabral e Soares são réus no processo oriundo da Operação Unfair Play, desdobramento da Lava Jato.

De acordo com Cabral, entre os votos comprados, estariam o do nadador Alexander Popov, bicampeão olímpico nas provas de 50 m e 100 m livres em 1992 e 1996, e o do ucraniano Serguei Bubka, campeão olímpico em 1988 no salto com vara. Eles negam.

Cabral afirmou que o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (hoje no DEM, na época no MDB) e os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Michel Temer (MDB) foram informados após a compra dos votos. O ex-governador não apontou, contudo, envolvimento ativo dos políticos citados na negociata. Eles negam as acusações de Cabral.

Cabral afirmou que Arthur Soares não pediu vantagens específicas para fazer o depósito, mas que os valores repassados a membros do COI foram debitados da propina que o ex-governador recebia mensalmente do empresário. Segundo Cabral, o empresário pagou propina a ele ao longo dos seus dois mandatos, além de ter contribuído para campanhas por meio de caixa 2.

No entanto, o ex-governador sempre havia negado a compra dos votos para que o Rio sediasse a Olimpíada de 2016. Com a realização dos Jogos Olímpicos, várias obras públicas foram realizadas no Rio.

Popov e Serguei Bubka negaram as acusações. "Posso dizer que nem votei no Rio de Janeiro [para sediar a Olimpíada]. Participei na votação, mas o meu voto não foi para o Rio de Janeiro. Agora não sei o que devo fazer. Estou desamparado e não entendo o que acontece a respeito do Rio de Janeiro. Alguém está mentindo, é muito grave", declarou Popov.

O saltador com vara ucraniano disse que não participou da negociata. "Rejeito completamente as falsas alegações do governador do estado do Rio", escreveu. Bubka também recordou que Cabral "cumpre atualmente uma longa pena de prisão por corrupção".

Entenda a denúncia contra Cabral, Nuzman e Rei Arthur

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