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Operação Lava Jato

Lava Jato entra em clima de "tudo ou nada" contra Aras por nova prorrogação

Aras garantiu vida à Lava Jato até janeiro, mas a força-tarefa quer mais tempo - ADRIANO MACHADO
Aras garantiu vida à Lava Jato até janeiro, mas a força-tarefa quer mais tempo Imagem: ADRIANO MACHADO

Vinicius Konchinski

Colaboração para o UOL, em Curitiba

08/11/2020 04h02

A Lava Jato do Paraná deve entrar num novo embate com a PGR (Procuradoria-Geral da República) ainda neste ano. A força-tarefa de combate à corrupção vai reivindicar ao órgão máximo do MPF (Ministério Público Federal) uma nova prorrogação de suas atividades, contrariando projetos da própria PGR e também procuradorias que cedem investigadores à operação.

"Há muito trabalho a ser feito e muitas investigações em andamento. Temos o dever de pedir uma prorrogação", justificou o procurador da República Alessandro Oliveira, novo coordenador da Lava Jato paranaense, em conversa com o UOL.

Oliveira assumiu a operação em setembro, depois que Deltan Dallagnol deixou a força-tarefa para acompanhar o tratamento de saúde de sua filha bebê.

No mesmo mês, a PGR prorrogou a operação até 31 de janeiro de 2021. A Lava Jato existe desde 2014.

A prorrogação foi anunciada em meio a intenso debate e até troca de acusações. Não atendeu um pedido da própria Lava Jato, que queria uma extensão até setembro de 2021.

Na época, a PGR informou que órgãos do MPF que cedem procuradores à Lava Jato pediram uma prorrogação curta. Informou também que já existe um projeto para substituir as forças-tarefas por um órgão nacional de combate a corrupção. Esse projeto, aliás, conta com apoio da cúpula da Procuradoria-Geral.

Força-tarefa tem pressa

Independentemente disso, a Lava Jato pedirá nova prorrogação, por mais um ano. Membros da força-tarefa querem se reunir nos próximos dias com o procurador-geral, Augusto Aras, para abrir uma discussão sobre o assunto o mais rapidamente possível.

Para a Lava Jato, a conversa sobre sua eventual prorrogação precisa ocorrer o quanto antes para que não seja comprometida pelo recesso de final de ano do Judiciário e até pelo relaxamento da agenda política. Existe, inclusive, um temor que, em janeiro, o debate sobre a prorrogação da força-tarefa torne-se inviável e ela acabe extinta.

Aras esteve de férias até o final de outubro. Antes, chegou a se reunir com coordenadores das Lava Jato do Paraná, São Paulo e Rio. No encontro, o procurador-geral teria prometido dar apoio à operação.

A ideia da Lava Jato é pedir que o discurso converta-se na prorrogação. Afinal, cabe a Aras a palavra final sobre a existência da força-tarefa.

Não está descartada, porém, uma espécie de "ruptura", possivelmente em forma de críticas públicas, com a Procuradoria-Geral em caso de divergências sobre o futuro da operação.

O UOL questionou a PGR sobre uma eventual nova prorrogação da Lava Jato. O órgão informou que não antecipa posicionamentos.

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