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Operação Lava Jato

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PF indicia Kassab e mais dois por corrupção passiva e lavagem de dinheiro

Gilberto Kassab, atualmente presidente do PSD, é irmão de Renato Kassab; já Castelli Chuery é ex-tesoureiro do partido - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Gilberto Kassab, atualmente presidente do PSD, é irmão de Renato Kassab; já Castelli Chuery é ex-tesoureiro do partido Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

22/02/2021 15h13

Com a investigação da Operação Lava Jato Eleitoral concluída hoje, a PF (Polícia Federal) resolveu indiciar Gilberto Kassab (PSD-SP), Flávio Castelli Chuery (PSD-SP) e Renato Kassab pelos crimes de corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

As penas para os indiciados variam de 3 a 12 anos de prisão, segundo a PF. As investigações da Lava Jato em São Paulo foram iniciadas a partir de delações premiadas de acionistas e executivos do Grupo J&F.

Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo (2006-2012) e atualmente presidente do PSD, partido que ajudou a fundar, é irmão de Renato Kassab. Já Castelli Chuery é ex-tesoureiro do PSD.

Em nota, a Polícia Federal disse que, além das delações, foram realizadas "diversas outras diligências" como, por exemplo, quebra de sigilos bancários e fiscal dos investigados e de empresas e análise de material de busca e apreensão.

Também por meio de nota, a defesa de Gilberto Kassab disse que o ex-prefeito tem certeza que será "comprovada a correção de todos os atos apurados" e confia na Justiça e no Ministério Público (leia mais abaixo).

Em dezembro de 2018, quando já estava escalado para ser o secretário da Casa Civil de João Doria (PSDB), então governador eleito de São Paulo, Gilberto Kassab foi alvo de um mandado de busca e apreensão em sua casa.

Antes mesmo de tomar posse, Gilberto Kassab pediu licença do posto — e assim permaneceu até o final do ano passado, quando pediu sua saída do cargo. Na época do mandado, Kassab ainda era ministro das Comunicações do governo do então presidente Michel Temer (MDB).

Na época, a PGR (Procuradoria-Geral da República), que fez o pedido de busca e apreensão, acusou o então ministro de receber R$ 58 milhões em vantagens indevidas do Grupo J&F.

Segundo a Procuradoria, Gilberto Kassab teria recebido R$ 350 mil mensais entre 2010 e 2016, o que totalizou R$ 30 milhões. Os outros R$ 28 milhões teriam sido pagos ao PSD.

A quantia paga pelo Grupo J&F para o presidente do PSD possuía o fim de fazer com que a empresa pudesse "contar com poder de influência" do político, de acordo com a Procuradoria.

Os repasses, ainda segundo a Procuradoria, teriam sido feitos a partir de um "contrato fictício de prestação de serviços com uma empresa do ramo de transportes que possuía relação comercial com a J&F" que, no caso, seria a Yape, vinculada à família de Kassab.

Segundo a Polícia Federal, o inquérito e o relatório das investigações contra os indiciados já foram entregues à 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, que tomará as "providências cabíveis".

Defesa

Em nota, a defesa de Gilberto Kassab disse que "já apresentou farta documentação" à Justiça "que demonstra, de forma cabal e inequívoca, que houve a real e efetiva prestação dos serviços".

"Os valores foram regularmente recebidos em decorrência de uma atividade empresarial lícita que não guarda relação com eventuais funções públicas, nem com atividade político partidária exercidas", argumentou.

Também na nota, a defesa do ex-prefeito afirmou que "todas as doações recebidas pelo PSD seguiram a legislação vigente à época e o posicionamento do partido nas eleições de 2014 foi definido em convenção, com votação dos membros de sua Executiva Nacional".

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