Força-tarefa da Lava-Jato faz operação no maior sindicato patronal do Peru
Lima, 29 nov (EFE) — O Ministério Público do Peru realizou operação nesta sexta-feira na principal sede da Confederação Nacional de Instituições Empresariais Privadas (Confiep), a maior organização patronal do país, como parte das investigações da Operação Lava Jato e do financiamento de campanha de Keiko Fujimori.
As buscas foram comandadas pelo promotor José Domingo Pérez, integrante da Força Tarefa que investiga o caso em território peruano, com apoio de agentes da Divisão de Investigação de Delitos de Alta Complexidade (Diviac), da Polícia Nacional.
A autorização para a realização da operação nos escritórios da Confiep, no distrito financeiro de San Isidro, foi dada pelo juiz Víctor Zúñiga, a partir da revelação de que grandes empresários peruanos fizeram pagamentos não-declarados para as campanhas presidencial da líder da oposição, Keiko Fujimori.
De acordo com o mandado judicial, o Ministério Público tenta localizar "todos aqueles objetos vinculados à campanha" das eleições de 2011 e 2016, além de documentos e faturas ligados a "gastos compras ou qualquer outro título que a Confiep fez" para candidatos nessas eleições.
Ação surpresa
A operação pegou de surpresa as principais figuras do mundo empresariais do Peru, que estão participando nesta semana da Conferência Anual de Executivos, a principal reunião do setor, que tem encerramento previsto para esta sexta-feira, no balneário de Paracas.
Pelo Twitter, a direção da Confiep apontou ter tomado conhecimento da ação através da imprensa e garantiu estar colaborando com a justiça, ao mesmo tempo em que questionou a decisão tomada pelo Ministério Público.
"Surpreendente a medida desnecessária, que flerta com o abuso, ainda mais quando foi entregue ao promotor todos os documentos administrativos e contáveis da campanha", aponta a entidade.
A presidente da Confiep, María Isabel León, que estava participando do encontro de executivos, deixou rapidamente o local, ao saber da notícia da operação e garantiu que o sindicato patronal condena os excessos e espera ver justiça no caso.
O promotor José Domingo Pérez disse, em entrevista concedida durante a ação, que foi localizada documentação útil e pertinente à investigação, além disso, negou qualquer abuso.
"Dentro dos marcos do processo devido e com autorização judicial, é que estamos realizando essa intervenção", garantiu o representante do Ministério Público.
Keiko e empresários
Durante a última, vários empresários peruanos revelaram ter destinado altos valores para financiar a campanha de Keiko Fujimori, em 2011. A filha do ex-presidente Alberto Fujimori aguarda o cumprimento de uma resolução do Tribunal Constitucional, que ordenou o fim da prisão preventiva que cumpre.
A política é acusada de suposto crime de lavagem de dinheiro, relacionado a atuação da empreiteira brasileira Odebrecht no país.
O escândalo explodiu no Peru quando Dionisio Romero, presidente do diretório do grupo Credicorp, o maior do país, revelou o pagamento de US$ 3,65 milhões à campanha de Keiko, em 2011. Posteriormente, outros empresários também revelaram transferências de dinheiro, direta ou indiretamente.
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