Presos pela PF negam envolvimento com ataque hacker à Lava Jato
Resumo da notícia
- PF prendeu hoje dois suspeitos de esquema para hackear autoridades
- Agora, são seis presos na chamada "Operação Spoofing"
- Presos de hoje negam envolvimento
- Um dos presos, segundo a PF, confessou ter hackeado e enviado mensagens a jornalista
Os dois presos nesta tarde na segunda fase da Operação Spoofing negaram, segundo os advogados, participação em ataque a celulares do ministro da Justiça, Sergio Moro, e de procuradores da Operação Lava Jato.
O estudante de direito Luiz Henrique Molição e o programador de computadores Tiago Eliézer foram presos temporariamente, por cinco dias, por ordem do juiz substituto da Décima Vara Federal de Brasília, Ricardo Leite. A Polícia Federal suspeita que os dois participaram da invasão, sendo Eliézer suspeito de ter financiado a ação.
Eliézer intermediou a venda de um carro Land Rover abaixo do preço de mercado, em 2018, para Walter Delgatti, que ficou conhecido como o "hacker de Araraquara".
Tiago Vítor Santos, advogado de Eliézer, disse à reportagem que seu cliente "não sabia" nada sobre o suposto ataque aos celulares de Moro e do procurador Deltan Dallagnol, do Ministério Público Federal no Paraná.
Preso há quase dois meses, Delgatti confessou, segundo as autoridades, que fez a ação sozinho, mas os investigadores suspeitam que ele atuou em parceria com os presos hoje.
A defensora pública Isabella Simões, que atendeu Molição hoje, disse que ele negou ter obtido cópia das mensagens extraídas do celular de Deltan. E negou participação em qualquer crime junto com Delgatti.
Segundo Isabella, Molição afirmou que conheceu Delgatti apenas na faculdade de direito no interior de São Paulo, onde os dois estudaram. Ela não deve assumir a defesa porque a família estava prestes a contratar um advogado particular, explicou Isabella ao UOL.
Mas investigadores da PF ouvidos pela reportagem duvidam. Segundo eles, a suspeita é que o rapaz tenha ajudado Delgatti a fazer os ataques a celulares.
Investigadores acreditam em ajuda ao 'hacker de Araraquara'
Fontes ligadas à investigação afirmaram ao UOL que Delgatti e outro preso, o DJ Gustavo Henrique Elias Santos, têm evitado comentar sobre Eliézer — citado com o apelido "Crash" nas mensagens trocadas entre Delgatti e o DJ.
Os investigadores avaliam que os três integram um grupo que faz fraudes bancárias, como clonagem de cartões. E, em determinado momento, aproveitaram a expertise para invadir telefones celulares.
A PF investiga se houve financiamento do ataque aos telefones de Deltan, Moro e outras autoridades. Se isso existiu, poderia haver participação de Eliézer
Agora, são seis presos na Operação
Com as ações de hoje, são seis presos na Operação Spoofing:
- Walter Delgatti
- Gustavo Henrique Santos
- Suelen Oliveira
- Danilo Marques
- Tiago Eliézer e
- Luiz Henrique Molição.
Delgatti disse que hackeou telefones de autoridades e repassaram as mensagens, gratuitamente, ao site 'The Intercept Brasil'. O site e outros parceiros jornalísticos, como o UOL, passaram a publicar trocas de conversas entre Moro, Deltan e outros investigadores e pessoas ligadas à Lava Jato.
Os diálogos mostram Moro, à época juiz federal, interferindo nas investigações do Ministério Público e da Polícia Federal. Isso colocou em xeque sua imparcialidade para julgar os casos entre 2014 e 2018, quando deixou o posto para aceitar o cargo de ministro da Justiça de Jair Bolsonaro.
Pela leis brasileiras, jornalistas que recebem informações - mesmo de eventual origem criminosa - não cometem crimes. A Constituição ainda garante aos repórteres o sigilo da fonte. O jornalismo profissional se baseia no conteúdo das informações, e não em sua origem. Se há interesse público nas conversas, é dever publicá-las.
O The Intercept não tem comentado se Delgatti foi mesmo a fonte dos documentos e mensagens publicados pelo site e seus parceiros, até porque isso violaria os princípios do sigilo da fonte. O UOL e outros veículos de imprensa seguem as mesmas regras de conduta.
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