Dallagnol rebate críticas de Aras à Lava Jato e rejeita debate com Lula
O conflito entre a PGR (Procuradoria-Geral da República) e membros da Operação Lava Jato ganhou novos contornos hoje. Em entrevista ao Programa Pânico, da Rádio Jovem Pan, o procurador da República e coordenador da Lava Jato em Curitiba (PR), Deltan Dallagnol, rebateu as críticas feitas por Augusto Aras e Humberto Jacques — PGR e vice-PGR, respectivamente — às forças-tarefas de combate à corrupção.
"Você precisa reconhecer que ela [força-tarefa] incomoda muita gente, muitos criminosos, muitos potenciais investigados. Esse é o papel do Ministério Público. É errado e equivocado dizer que as forças-tarefas são trabalhos clandestinos ou desagregadores, porque elas foram criadas institucionalmente para fazer um trabalho que um procurador sozinho não conseguiria fazer", argumentou.
No fim do mês passado, Aras disse que a Lava Jato corria o risco de flertar com a ilegalidade e Jacques assinou uma manifestação afirmando que as forças-tarefas apresentam um modelo "desagregador". Foram reações a uma disputa que começou com a saída de três integrantes da Lava Jato por divergências com a subprocuradora Lindôra Maria de Araújo, auxiliar de Aras.
Dallagnol ainda afirmou estar surpreso com a posição de Aras, já que o PGR foi um dos mentores da formação de forças-tarefas.
"Ele mesmo [Aras] promoveu atos para instituir esses trabalhos. E a Lava Jato fez o seu trabalho de modo público e transparente, com resultados surpreendentes, ao ponto de a própria Corregedoria-Geral do Ministério Público Federal, que é órgão da PGR, dizer que os resultados são bons e positivos. Então não entendo por que está sendo criado o discurso com o objetivo de propiciar um desmonte das forças-tarefas", disparou.
Debate com Lula
O procurador da República também comentou sobre a possibilidade de haver um debate entre ele, o ex-ministro da Justiça e ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro, e o ex-presidente Lula (PT). O assunto surgiu após um desafio feito por Lula nas redes sociais — mas, assim como Moro, o procurador não se mostrou disponível para o encontro.
"Todas as perguntas foram feitas no processo judicial e nas investigações. Não nos cabe debater publicamente ou fazer um show, um debate, com réus e investigados", disse.
Segundo Dallagnol, o ex-presidente pretende provocá-lo para que ele reaja de forma a permitir um pedido de anulação das condenações feitas no âmbito da Lava Jato.
"Ao falar do Moro e de mim, ele quer criar uma narrativa, personalizar. Ele nunca cita os 14 procuradores da Lava Jato. Ele fala de mim porque é mais fácil criar uma teoria da conspiração em cima de uma pessoa do que de 14. Ele não fala que várias instâncias revisaram o caso e mantiveram a condenação. Ele fala do Moro porque é mais fácil criar uma narrativa de perseguição em cima de duas pessoas do que em cima de 60, 80 pessoas com diferentes visões de mundo", completou.
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